domingo, março 17, 2013

Tudo tem sua utilidade



A mãezinha passeava na rua com o filho, que reclamava de tudo. Todas as tarefas lhe pesavam e ele gostaria de não fazer nada. Preguiçoso, ele só se interessava por brincadeiras e divertimentos. Neste caso, estava sempre contente, risonho e disposto.
Preocupada com a atitude do filho e desejando ajudá-lo, a mãe seguia pensativa até que, chegando a uma praça, teve uma ideia. Pediu ao garoto observasse uma estátua, que representava o fundador da cidade, e perguntou:
 
— Felipe, o que você acha que o metal sentiu ao ver-se levado ao fogo para ser moldado pelo artista? Se fosse você, como se sentiria?
— Ah, eu iria gritar e chorar muito. Imagine o fogo me queimando e derretendo?!...
— No entanto, ao ver esta linda estátua, admiramos o talento do artista que a moldou.
Andando mais um pouco, em um arbusto, o menino viu uma feia lagarta que se arrastava com dificuldade.

— Veja, mamãe! Que bicho horroroso! Vou
matá-lo! — e pegando uma pedra do chão, ele levantou o braço em direção à lagarta.
  
A mãe o impediu, explicando:
— Não faça isso, meu filho! É um ser da Natureza fazendo seu trabalho, Felipe. A lagarta sofre, mas modifica-se, cumprindo sua tarefa. Deixa seu corpo disforme e transforma-se em linda borboleta, como aquela que voa agora no céu!
O menino estava surpreso e maravilhado.
— É verdade, mamãe? Aquela lagarta horrível será borboleta um dia?
— Sim, Felipe. Todos nós temos nossa missão. Veja aquela obra de arte ali adiante!
 
E a mãe mostrou ao filho, em outro local da mesma praça, um grande livro aberto todo de mármore, sobre um pedestal, e explicou:
— O autor, com esta obra, desejou homenagear a Bíblia. O que acha que o mármore sentiu ao ver-se ferido pelo buril, o instrumento de aço que o artesão usa para trabalhar o mármore, moldando-o?
— Ah! Se fosse eu, não deixaria que me ferissem assim! — respondeu o garoto.
— Pois deixaria de ser esta linda obra de arte que é admirada por todos.
Chegando ao final da praça, tomaram o rumo de casa. Ao chegar, a mãe levou Felipe até o jardim e, pegando uma semente, abriu uma pequena cova e depositou-a ali, cobrindo-a de terra.
— E o que acha dessa semente que plantei, meu filho? O que você sentiria se fosse ela?
O menino logo se imaginou no escuro, apertado e coberto de terra úmida.
— Ah, mamãe! Eu não aceitaria ser uma semente e ser enterrada. Nem pensar!
A mãe sorriu e, mostrando uma grande árvore coberta por belas flores lilases, disse:
— Pois, meu filho, você perderia a oportunidade de ser como esta linda árvore aqui! E deixaria de ter o prazer de ouvir as pessoas, encantadas com a sua beleza, gabar as lindas flores que a cobrem.
Felipe ficou pensativo por momentos. A mãe abraçou o filho e explicou:
— Meu filho, na vida, todos nós temos uma tarefa a realizar. Cada um servirá na área a que foi chamado, espalhando o bem em todos os lugares. Os minerais, as plantas, os animais e os seres humanos têm funções diferentes, mas todas são importantes.
— Mas... E os insetos?
— Os insetos são muito úteis. Destroem as pragas que atacam as plantas nas lavouras. Em a Natureza, tudo é importante, filho, porque tudo é obra de Deus.
O menino ficou pensativo. A mãezinha aproveitou para concluir:
— Por isso, devemos sempre fazer a nossa parte, mostrando esforço e devotamento. Deus saberá reconhecer os méritos de cada um de nós.
— Está bem, mamãe. Isso quer dizer que devo realizar as “minhas tarefas”, na escola e em casa... ­­– disse o menino mostrando que entendera.
— Exatamente, Felipe. Instruir-se, aprender, crescer, tudo isso só você pode fazer por você mesmo. E nas horas vagas, brincar, divertir-se e passear também é importante! Porém tudo tem uma hora certa.
O menino abraçou a mãe com imenso carinho.
Felipe estava certo de que, a partir daquele dia, não reclamaria mais de nada.

                                                        MEIMEI
 
(Recebida por Célia X. de Camargo em Rolândia-PR, aos 18/02/13.)  


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