Muito se fala em auto perdão como forma de libertação da criatura das amarras do sofrimento, dos traumatismos ocasionados por remorsos e outras formas de mazelas da alma humana. Em verdade a terapêutica do perdão requer por parte de quem deseja perdoar, uma mudança de verdadeiros paradigmas e dogmas que nos ensinaram mesmo antes da vida uterina.
Crescemos sobre o conselho de que não se leva desaforo para casa, na certeza disso ser bonito para a sociedade. Como animais costumamos demarcar nosso espaço, e aquilo que julgamos nos pertencer sob o medo de que outros venham se apoderar do que " é nosso". Essa demarcação muitas vezes é feita com a cara feia de " quem comeu e não gostou", ou mesmo com um jeito armado de " rosnar com a alma". Essa defensiva de tudo e com todos parece ter tomado parte no senso comum, na medida que esquecemos expressões tão simples como obrigado, por favor, com licença, me desculpe e outras palavras mágicas que quebram a resistência. Na medida em que o individuo se fecha em seu mundo protegendo-se sabe-se lá de que, aparecem as neuroses de perseguição e com isso qualquer coisa que ache que lhe fizeram é motivo para enraivecer e por consequência, ter dificuldades em perdoar.
Todo mundo que seja bom para se melindrar, será péssimo para perdoar inclusive, e principalmente a si mesmo, dai decorrente a auto flagelação psicológica e as cobranças excessivas de determinadas posturas que ainda não se possui. O hábito de se ver como o "cúmulo da imperfeição" não caracteriza humildade, mas é porta aberta a transtornos sérios na relação consigo mesmo.
Os pais que só enxergam êxito nos filhos dos outros, sem se darem conta acabam contribuindo para que os seus fracassem em qualquer campo; quem vive remoendo o relacionamento afetivo que passou e o que poderia ter feito para ser diferente, não se sente livre para se dar nova chance e ir a frente; o saudosista que tudo assegura que era melhor noutro tempo, não se dá conta de que a vida continua a passos largos; quem rumina as coisas ruins que alguém lhe fez, não prepara para viver as boas coisas de agora. O Universo em todo seu esplendor e formosura nos mostra que o perdão de si e dos outros é condição indispensável para ser feliz na Terra e além dela. Não se prenda ao que passou, seja otimista e siga em frente perdoando a vida, para que a vida te perdoe o tempo que ficou ai parado enquanto ela te chamava lá fora.
Jefferson Leite
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