Andando pela rua, Leo, um garoto de nove anos, viu um senhor que parecia muito doente. Ele estava na varanda de uma casa tomando sol; muito magro, encolhia-se sob a manta que o aquecia do frio e do vento. O menino sentiu piedade ao ver-lhe os olhos tristes e, ao passar, abanou a mão cumprimentando-o:
— Bom dia, vovô! Como vai o senhor?
O velhinho pareceu surpreso com o cumprimento do garoto e arregalou os olhos, interessado: — Bom dia, garoto! Como se chama? Sou Nilo! Venha conversar comigo! Estou tão sozinho!... Leo lembrou-se de que precisava comprar algumas coisas para a mãe, porém achou que ainda era cedo. Então, parou e abriu o portão da casa do velhinho e entrou:
Ouvindo o menino falar, Nilo ficou pensativo, depois achou que seria bom mesmo não ter o que deixar aos seus filhos que nunca quiseram trabalhar, sempre de olho na sua herança.
— Você tem razão, Leo. Vou pensar nisso. Afinal, meus dois filhos sempre viveram de olho na riqueza que construí na vida, e nunca quiseram fazer nada, achando que ficarão ricos quando eu morrer. Mas o que faço? — Vovô Nilo, conheço muita gente bem pobrezinha que ficaria feliz com qualquer coisa que o senhor lhes desse — disse o garoto, após pensar um pouco. Mais animado, Nilo concordou com ele, pedindo-lhe que o levasse até essas pessoas que nada tinham para viver. Prontamente, Leo pegou a cadeira de rodas do velhinho e levou-o para a calçada, conversando animado: — Sabe, vovô? As pessoas vão pensar que o senhor é o Papai Noel disfarçado! O velhinho deu risada, contente por estar saindo de casa depois de muitos meses. Queria passear um pouco, ver gente, porém sua filha sempre achava que não lhe faria bem sair à rua. Agora, ele sentia-se feliz de estar andando na calçada junto com aquele garoto tão simpático. Como estava feliz de poder passear, Nilo quis parar numa pracinha cheia de árvores. Ficaram vendo as flores e ouvindo os passarinhos, até que Nilo achou melhor prosseguirem. Chegaram ao bairro pobre e ele viu muitas crianças brincando na rua. Lembrou-se do seu neto, que a filha nunca permitia saísse para brincar. Pessoas sorridentes o cumprimentaram, algumas pararam para falar com ele e muitas, apressadas, acenaram com a mão a caminho do serviço. Nilo sentiu-se contente ali no meio daquelas pessoas. — E agora, o que faremos? — indagou a Leo. — O senhor é que sabe, vovô Nilo.
Após anotar tudo, Leo entregou ao velhinho a lista e ele deu um pouco do dinheiro que trazia nos bolsos para as crianças, que o abraçaram felizes agradecendo por sua bondade.
Nilo estava muito feliz, jamais se sentira tão bem! O carinho das pessoas lhe fizera muito bem, e aquele gesto de amor o envolveu, levando-o às lágrimas.
Depois ele e Leo se despediram das crianças, retornando para casa. Ao chegar, Leo o deixou na varanda e disse:
— Obrigado, vovô! Foi uma linda manhã! Viu como eles ficaram felizes?
— Vi sim. E você, Leo, o que deseja? De que precisa para ser feliz?
— Eu não preciso de nada, vovô Nilo. Eu sou feliz!...
— Como assim, não precisa de nada?!...
— Isso mesmo, vovô. Eu não preciso de nada! Só preciso ver os outros felizes! Estou tão contente por ter ajudado aquelas crianças que de nada preciso. Obrigado! Sempre desejei ajudá-las, mas não tinha nada para dar! Quando quiser passear, me ligue. Aqui está meu telefone, disse entregando-lhe um papelzinho. Estarei sempre a sua disposição, vovô.
— Não entendo, Leo!... Você deve precisar de alguma coisa! — disse o velhinho, inconformado.
— Não, vovô. Tenho de tudo! Preciso de pouco para viver: tenho roupas, calçados, livros, brinquedos e amizades! Agora, tenho a sua amizade, que é muito importante para mim! Obrigado, vovô Nilo. Se precisar de mim, me ligue.
E ambos se abraçaram, emocionados, e Leo despediu-se dele dizendo: — Que Jesus o abençoe sempre, vovô Nilo!...
MEIMEI
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 21/11/2016.)
Fonte: O Consolador
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domingo, fevereiro 12, 2017
Alegria de fazer o bem
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