domingo, fevereiro 12, 2017

Alegria de fazer o bem




 
Andando pela rua, Leo, um garoto de nove anos, viu um senhor que parecia muito doente. Ele estava na varanda de uma casa tomando sol; muito magro, encolhia-se sob a manta que o aquecia do frio e do vento. O menino sentiu piedade ao ver-lhe os olhos tristes e, ao passar, abanou a mão cumprimentando-o:
— Bom dia, vovô! Como vai o senhor?

O velhinho pareceu surpreso com o cumprimento do garoto e arregalou os olhos, interessado:

— Bom dia, garoto! Como se chama? Sou Nilo! Venha conversar comigo! Estou tão sozinho!...

Leo lembrou-se de que precisava comprar algumas coisas para a mãe, porém achou que ainda era cedo. Então, parou e abriu o portão da casa do velhinho e entrou:
 

— Meu nome é Leo, vovô. O senhor está bem?

O ancião respirou fundo e murmurou:

— Estou muito doente, garoto. Logo não estarei
mais aqui. Acumulei tantas coisas, tantos bens!... De que me servem agora?

— É verdade. O senhor sabe que a gente não leva nada desta vida? Não adianta ter muitos bens, pois
teremos de deixá-los!

— Não havia pensado nisso, Leo. É verdade, terei de deixar tudo aqui na Terra. Mas gostaria de dar um bom uso para tudo o que tenho — disse o ancião, surpreso, olhando para o garoto.

— Então, por que não dá aos pobres? Eles certamente usarão bem tudo o que receberem.
Ouvindo o menino falar, Nilo ficou pensativo, depois achou que seria bom mesmo não ter o que deixar aos seus filhos que nunca quiseram trabalhar, sempre de olho na sua herança.

— Você tem razão, Leo. Vou pensar nisso. Afinal, meus dois filhos sempre viveram de olho na riqueza que construí na vida, e nunca quiseram fazer nada, achando que ficarão ricos quando eu morrer. Mas o que faço?

— Vovô Nilo, conheço muita gente bem pobrezinha que ficaria feliz com qualquer coisa que o senhor lhes desse — disse o garoto, após pensar um pouco.

Mais animado, Nilo concordou com ele, pedindo-lhe que o levasse até essas pessoas que nada tinham para viver. Prontamente, Leo pegou a cadeira de rodas do velhinho e levou-o para a calçada, conversando animado:

— Sabe, vovô? As pessoas vão pensar que o senhor é o Papai Noel disfarçado!

O velhinho deu risada, contente por estar saindo de casa depois de muitos meses. Queria passear um pouco, ver gente, porém sua filha sempre achava que não lhe faria bem sair à rua. Agora, ele sentia-se feliz de estar andando na calçada junto com aquele garoto tão simpático.

Como estava feliz de poder passear, Nilo quis parar numa pracinha cheia de árvores. Ficaram vendo as flores e ouvindo os passarinhos, até que Nilo achou melhor prosseguirem. Chegaram ao bairro pobre e ele viu muitas crianças brincando na rua. Lembrou-se do seu neto, que a filha nunca permitia saísse para brincar.

Pessoas sorridentes o cumprimentaram, algumas pararam para falar com ele e muitas, apressadas, acenaram com a mão a caminho do serviço. Nilo sentiu-se contente ali no meio daquelas pessoas.



— E agora, o que faremos? — indagou a Leo.

— O senhor é que sabe, vovô Nilo.
 

Então, Nilo pediu que ele chamasse as crianças, que vieram correndo, suadas de jogar bola. E o ancião disse— Gostaria de saber o que vocês precisam. Leo vai anotar na minha caderneta.

Então, as crianças foram falando das suas necessidades: um precisava de tênis, outro de livros para a escola, outros de roupas; três
precisavam de remédios para os pais doentes, e assim cada um foi falando daquilo que não tinham e que lhes fazia falta.

Após anotar tudo, Leo entregou ao velhinho a lista e ele deu um pouco do dinheiro que trazia nos bolsos para as crianças, que o abraçaram felizes agradecendo por sua bondade.

Nilo estava muito feliz, jamais se sentira tão bem! O carinho das pessoas lhe fizera muito bem, e aquele gesto de amor o envolveu, levando-o às lágrimas.

Depois ele e Leo se despediram das crianças, retornando para casa. Ao chegar, Leo o deixou na varanda e disse:

— Obrigado, vovô! Foi uma linda manhã! Viu como eles ficaram felizes?

— Vi sim. E você, Leo, o que deseja? De que precisa para ser feliz?

— Eu não preciso de nada, vovô Nilo. Eu sou feliz!...

— Como assim, não precisa de nada?!...

— Isso mesmo, vovô. Eu não preciso de nada! Só preciso ver os outros felizes! Estou tão contente por ter ajudado aquelas crianças que de nada preciso. Obrigado! Sempre desejei ajudá-las, mas não tinha nada para dar! Quando quiser passear, me ligue. Aqui está meu telefone, disse entregando-lhe um papelzinho. Estarei sempre a sua disposição, vovô.

— Não entendo, Leo!... Você deve precisar de alguma coisa! — disse o velhinho, inconformado.

— Não, vovô. Tenho de tudo! Preciso de pouco para viver: tenho roupas, calçados, livros, brinquedos e amizades! Agora, tenho a sua amizade, que é muito importante para mim! Obrigado, vovô Nilo. Se precisar de mim, me ligue.

E ambos se abraçaram, emocionados, e Leo despediu-se dele dizendo: — Que Jesus o abençoe sempre, vovô Nilo!...
MEIMEI
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 21/11/2016.) 

Fonte: O Consolador

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