quinta-feira, novembro 14, 2013

Está em moda a teologia ou evangelho da prosperidade?




Como o próprio nome diz resume-se a uma doutrina que aparece nos EUA na década de 1940 e ultimamente no Brasil vem ganhando corpo nos movimentos pentecostais ou neo pentecostais. Baseando-se na "prosperidade financeira" de seus fiéis, essa doutrina estabelece novos rumos para as preleções protestantes, onde o "reino dos céus" cedeu espaço para o acúmulo de riquezas e bens única e exclusivamente materiais. Se credita a Deus nessa doutrina o desejo de ver os fiéis felizes e poderosos; se alicerça nas maiores doações para "agradar" a Deus para que ele retribua os doadores multiplicando-lhes as posses monetárias. Se observa que muitas das igrejas que hoje vendem a teologia da prosperidade, são regidas por um único líder, ou seja um fundador e muitas delas são dissidências das tradicionais igrejas protestantes, com isso  tendem a se tornar verdadeiros impérios dominados por uma única cabeça, de um único juízo.
Segundo essa doutrina, se entende que o membro da igreja é abençoado quando consegue "evoluir" financeiramente e por isso muitos pastores adeptos dessa teologia acabam gastando muito de seu tempo em explicar sobre o dízimo, sobre responsabilidades com as contribuições, com as campanhas financeiras etc.
Acredita-se que a riqueza seja uma benção de Deus aos seus filhos, daí perguntamos: E alguém que viva anos a fio sendo dizimista fiel e não enriqueça, Deus se esqueceu dele? Para essa doutrina Deus é visto como fiel para com aqueles que "são fiéis com ele" através de doações para o Templo. Algumas igrejas mesmo passam a ter duas pregações sendo uma específica sobre o dízimo e a "riqueza oriunda dos céus" e a outra, tida como menos importante sobre as coisas espirituais. A instituição das chamadas "leis da fé" passa a criar um desejo cada vez mais profundo que pode mesmo beirar ao vício, pois igualmente como se faz com os jogos de azar. Que pese o profundo respeito a qualquer crença e qualquer livre pensamento, a pessoa tende a "tentar a sorte" com Deus e a cada dia aumentar mais suas "apostas" para tentar ser mais "abençoado por ele".


No Brasil o que hoje ocorre na realidade é uma cópia do que já vinha ocorrendo nas terras americanas desde muito tempo. Alguns mais afoitos preletores chegaram a afirmar que Deus retribuiria "sete vezes" o que fora doado. Não parece jogo de azar? 
Nos EUA na década de 1960  T. L. Osborn se tornou famoso por ostentar sua riqueza se colocando como um "grande abençoado" e fazendo de si exemplo do que Deus desejaria para seus filhos, sendo ele o grande inspirador e ídolo dos pastores mundiais e brasileiros que defendem essa doutrina. 
A doutrina chega no Brasil na década de 1990 tendo como sua grande precursora a "Igreja Universal do Reino de Deus" cujo seu fundador é o bispo Edir Macedo também proprietário da Rede Record. Vale lembrar que Macedo é cunhado de Romildo Ribeiro Soares, o missionário RR Soares fundador da "Igreja Internacional da Graça de Deus". Soares se desentendeu com Macedo em 1980 e no mesmo fundava sua própria igreja também baseada na teologia da prosperidade, a Igreja Internacional da Graça de Deus. Surge ainda nesse cenário de conflitos, o apóstolo Valdemiro Santiago fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus que durante quase vinte anos foi pastor  e membro da alta cúpula da Igreja Universal, tendo saído da mesma também por desentendimentos. Também temos presente como defensora dessa doutrina a Igreja "Assembléia de Deus Vitória em Cristo" tendo como seu fundador o pastor Silas Malafaia que anteriormente criticava a teologia da prosperidade, no entanto hoje a defende com veemência e a "Igreja Renascer em Cristo" fundada pelo apóstolo Estevam Hernandes Filho. Vale lembar que essa doutrina prima por uma inundação de aparições nos canais de televisão e principalmente nos horários nobres o que custa muito dinheiro, esses pastores são chamados de televangelistas e a maioria de suas pregações possui como pano de fundo o enriquecimento dos fiéis.

Recentemente a revista internacional de economia Forbes publicou a lista dos cinco pastores mais ricos do Brasil, os dados foram baseados em cruzamento de informações da Receita Federal, Polícia Federal, Ministério Público e outras tantas revistas nacionais, assim chegou-se a estimativa patrimonial dos referidos pastores, sendo os mesmos já citados com defensores da teologia ou evangelho da prosperidade:



1- Edir Macedo com um patrimônio estimado em 1,9 bilhão de Reais;
2- Valdemiro Santiago com patrimônio estimado em 440 milhões de Reais;
3- Silas Malafaia com patrimônio estimado em 300 milhões de Reais;
4- Estevam Hernandes com patrimônio estimado em 130 milhões de Reais;
5- R. R. Soares com patrimônio estimado em 125 milhões de Reais;

Os dados estatísticos mostram que a grande maioria dos fiéis e dizimistas dessas igrejas defensoras da teologia ou evangelho da prosperidade possuem não tão alto nível escolar, residem em bairros periféricos e muitos deles são inativos o que demonstra que "a aposta é alta e o resultado inexiste". Contra senso à mensagem do Cristo essa doutrina não mais se ocupa em redimir almas para um reino que não é na Terra, se ocupa em prometer fortuna e bens materiais. Muitos de nós aqueles que ainda nos achamos tão presos ao materialismo, aceitamos as propostas dessa doutrina tão distante da mensagem crística. Realmente essa teologia ou evangelho da prosperidade ou de ostentação é eficaz para seus líderes religiosos, no entanto empobrece tanto material quanto espiritualmente aqueles que se perdem "em loterias disfarçadas de Templos" e com vendedores disfarçados de religiosos. Pensemos nisso!

Jefferson Leite



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