quarta-feira, maio 14, 2014

O exemplo convence




Olavo, de doze anos, causava sempre confusão entre os colegas por suas palavras ásperas e agressivas.

Todos tinham medo dele e, quando ele falava alguma coisa, ficavam calados ou acatavam suas palavras. Não concordar com Olavo era arranjar problemas, pois ele partia logo para a briga. Assim, todos temiam suas reações.
 
Certo dia, eles estavam em uma partida de futebol, e Olavo cometeu uma falta, mas a bola foi direto para o gol. Ele então deu um pulo e gritou, comemorando:

— Gooool!... Gooool!... Viva! Sou o maior!...
 
No entanto, Nelinho, o capitão do time adversário, não aceitou e gritou para o juiz:
— Ele cometeu uma falta, senhor juiz. O gol dele não valeu!...

O juiz tinha visto a falta e apitou imediatamente, mas a bola foi direto para o gol, na hora que soava o apito do juiz pela falta, e Olavo comemorava o gol.

A confusão se estabeleceu no campo.

Inconformado, Olavo, vermelho de raiva, pôs-se a gritar palavrões. Não podendo ir contra a autoridade do juiz, atingia os colegas, que eram mais fracos.

Irritado, Olavo agarrou Nelinho pelo pescoço, ameaçando dar-lhe uma surra:

— Agora eu pego você, pirralho! Vai ver o que é bom! — e levantou o braço para bater no colega.

Nelinho, porém, menor do que ele, o enfrentou com calma:

— Olavo, quem está com a razão não precisa de violência. Você cometeu uma falta e todo mundo viu! Tanto é que o juiz apitou a falta!

Conforme o outro falava, sereno, Olavo ficou mais furioso, sentindo-se injuriado. Derrubou Nelinho no gramado, pronto para dar-lhe um soco, quando o juiz chegou correndo e mostrou-lhe o cartão vermelho, expulsando Olavo da partida.

Revoltado, o jogador saiu do campo ameaçando pegar Nelinho depois. A partida prosseguiu, o time de Olavo ganhou e os jogadores comemoraram satisfeitos.

Saindo do campo, Nelinho tirou a camisa e foi pegar a mochila. No entanto, com o orgulho ferido, Olavo não perdoava o colega. Ao vê-lo irritado, Nelinho sorriu e estendeu-lhe a mão:

— Parabéns, Olavo! Seu time venceu merecidamente. Jogou bem melhor que o nosso!

— Você está brincando comigo, baixinho? Não tem medo do que eu possa lhe fazer? — disse Olavo, vermelho de raiva.

— Não estou brincando, Olavo. O que lhe disse é o que sinto. Não quero brigar com você. Ao contrário, desejo que sejamos amigos! Não vejo razão para briga. Ganhar ou perder faz parte da vida, meu pai sempre diz — disse Nelinho sem perder a calma.

Olavo olhava o colega pensando que ele estivesse caçoando dele. Porém, notou-lhe a sinceridade no olhar sério; sentiu que Nelinho falava o que sentia. Confuso, Olavo pegou sua mochila e foi para casa. Os amigos de Nelinho respiraram, aliviados. Temiam que o amigo apanhasse, obrigando-os também a entrar na briga.

Uma semana depois, eles ainda estavam sem conversar. Nelinho notava que o outro o observava a distância, mas não se aproximava.
Certo dia, após as aulas, Nelinho viu Olavo sentado num banco, na pracinha defronte da escola. Como fosse seu caminho para casa, teria de passar por ele. Então, tranquilo, ele chegou à pracinha e vendo Olavo sorriu. O outro se levantou do banco e pediu:

— Gostaria de conversar com você, Nelinho.

— Claro, Olavo. Você é meu amigo! — concordou Nelinho, sentando-se.

O outro se acomodou também, enquanto dizia:

— Pois é exatamente isso que não entendo, Nelinho. Fiz de tudo para brigar com você, sem ter motivo. Não entendo sua maneira de agir! Por que é assim diferente?

— Não sou diferente, Olavo. Sou igual a todo mundo, só que aprendi, com meus pais, que brigar não resolve. Só aumentamos o problema. Também aprendi, com Jesus, que temos que nos amar uns aos outros, pois só assim seremos felizes. E que quem está bem e em paz consigo mesmo não briga com ninguém. Assim, nunca fiquei com raiva de você. Sinto que você não é feliz, Olavo.

Ao ouvir estas palavras ditas de coração, Olavo cobriu o rosto com as mãos, enquanto os olhos se encheram de lágrimas. Nelinho deu-lhe um abraço, e disse:

— Olavo, nascemos para ser felizes. Se algo não vai bem, pode contar comigo. Gosto muito de você e quero que me considere seu amigo!

— Obrigado, Nelinho. Gostaria de conhecer seus pais, que o fizeram ser tão especial!

Nelinho sorriu satisfeito e convidou-o para almoçar em sua casa. No caminho, Olavo foi contando ao amigo que eles eram muito ricos, mas que seus pais não tinham tempo para ele. Quando pedia atenção, o pai enfiava a mão no bolso e dava-lhe dinheiro. E a mãe também não parava em casa, sempre em reuniões com as amigas. E concluiu dizendo:

— Desse modo, cresci sentindo-me muito sozinho e abandonado, porém achando que isso era o normal nas famílias!...

Chegando a casa, os pais de Nelinho o esperavam para almoçar. Ele apresentou Olavo aos seus pais, que o receberam com alegria, convidando-o a sentar-se à mesa com eles.
 
Antes da refeição, tinham o hábito de orar. Nelinho pediu para fazer a prece naquele dia.

— Amigo Jesus, nós te agradecemos por tudo de bom que temos, pela família, pela nossa casa, pelo alimento. Mas hoje te agradecemos pela presença do meu amigo Olavo e peço tuas bênçãos para a casa dele
também. Assim seja!
Naquele instante Olavo sentiu-se valorizado e feliz. Ficou emocionado com a oração e pensou que ficaria contente se, um dia, seus pais aceitassem ter esse hábito em casa. Mas ele sabia que a convivência com os pais de Nelinho poderia talvez levar seus pais a valorizarem mais o amor e a família.

E decidiu que, a partir daquele dia, faria tudo para aproximar as duas famílias. E resolveu mais: que, a exemplo de Nelinho, seria uma pessoa mais pacífica.
 
MEIMEI
 
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 16/12/2013.)
                                                    

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