quinta-feira, dezembro 19, 2013

Alguns profissionais perdem a sensibilidade diante das dores alheias





Tenho visto muitos casos em que determinados profissionais lidam com os momentos mais aflitivos do ser humano e assim tendem  a se tornar menos sensíveis a esses males. Não se pode descartar que o ato de ver com determinada constância quase que as mesmas cenas faz das pessoas acostumadas a conviver com esses problemas. Muito se fala que isso ocorre com os profissionais de saúde, no entanto não é bem assim e só com esses que as coisas acontecem dessa forma.
No âmbito da justiça, podemos observar pessoas em grandes conflitos que acabam vendo nos corredores dos fóruns uma verdadeira passagem para o "inferno". Alguns poderão justificar que ninguém passa por essas circunstâncias sem merecer, todavia em muitos casos pessoas cometem erros sem se darem conta da ilegalidade de tais atos. Levando em consideração que boa parte da população brasileira ainda é leiga com relação a seus direitos, também o é em relação aos deveres. Poucos serão os magistrados que verão além de mais um mero caso para sentenciar, uma realidade humana e falível que deve despertar a sensibilidade do julgador muito além de simplesmente levar em conta jurisprudências, o feito processual, mas valorizando bem seu livre convencimento; no tocante aos serventuários quando atendem alguém que aguarda determinada atenção, há de se levar em conta que muitas vezes uma notícia menos feliz poderá ser melhor aceita se for embalada por carinho; o operador do direito deverá buscar a compreensão de que muito além de um cliente e dos honorários quem o procura para pleitear um direito é um irmão em determinado nível de agonia, pois em muitos casos já viu se esvaírem todas as chances convencionais de melhora.
Quando adentramos no campo da educação encontramos professores irritadiços que acabam se esquecendo de cada aluno é fruto de suas experiências próprias além dos muros escolares, onde muitas vezes esse aluno sofre agressões de toda forma deixando para a escola a maneira de extravasar seus conflitos; o educador não poderá fazer coisa comum, reprovar um educando sem perceber muitas vezes a necessidade de lhe oferecer uma segunda chance; quem se acha na direção escolar ou em  seu corpo técnico haverá de avaliar que na vida na condição de subalternos ou superiores, todos sempre precisamos cada vez mais uns dos outros; o processo educacional é uma via de mão dupla onde quem ensina é também um aprendiz constante.

Em todos os campos da vida vemos que a rotina do dia a dia costuma tornar as pessoas mais duras com relação aos conflitos vividos e vivenciados por quem depende em determinado momento da profissão que abraçamos. Logo no início falamos dos profissionais da saúde pois estão muito acostumados a lidar com a morte e a vida de forma comum. As enfermidades incuráveis parecem para alguns profissionais apenas uma virose, é o péssimo efeito da insensibilidade. Assim também se aplica a religião que muitas vezes torna alguns religiosos frios e insensíveis para com as dores alheias. Sem prestar culto ao sofrimento, penso que devemos sim de forma positiva tentar repartir as dores dos outros conosco, de forma que dividindo o sofrimento, ele se torna menor. Não vejo as religiões como uma blindagem para o sofrimento alheio, penso que em verdade devemos sim sermos sensíveis o suficiente para estendermos as mãos  aos nossos irmãos que se vejam em momentos difíceis.

Jefferson Leite

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