domingo, outubro 13, 2013

Presente inesperado




Aproximava-se o Dia das Crianças e Daniel estava curioso, pensando:
O que ganharia ele de presente? Talvez um carrinho de controle remoto, uma bola de futebol? Ou, quem sabe, algo maior, como uma bicicleta nova, já que a sua era velha? Ou um telefone celular? Quem sabe, um skate?!  
E assim Daniel ficava perdido nos seus desejos e não conseguia pensar em mais nada, ansioso por ver chegar o grande dia.
Uma semana antes da ocasião tão esperada, aproveitando um momento em que o pai estava descansando, Daniel perguntou:
— Papai, o que eu vou ganhar no Dia das Crianças? Posso escolher o presente?
O pai pensou um pouco e respondeu tristonho:
— Meu filho, a situação é difícil. Estou ganhando pouco no atual emprego e talvez não possa comprar-lhe presente.
Daniel deixou a sala sem dizer nada e foi chorar no quarto.
Naquele mesmo dia, mais tarde, sua mãe havia saído para ir ao supermercado quando, ao atravessar uma rua, foi atropelada por um veículo que avançara o sinal vermelho.
 
Imediatamente alguém chamou a ambulância e ela foi levada para o hospital. O pai, avisado, deixou o serviço e correu para o hospital onde a esposa estava. Os médicos disseram que o caso era grave, pois ela fora atingida na cabeça.
 
Daniel, que brincava na casa de um vizinho, ao ficar sabendo o que acontecera com sua mãe, começou a chorar, querendo ir ao hospital ver a mãe, mas a vizinha o avisou:
— Daniel, seu pai telefonou e pediu-me que cuidasse de você. O hospital não deixa entrar crianças, especialmente desacompanhadas. Melhor esperar notícias. Seu pai, assim que puder, voltará para casa.
Sem outra opção, Daniel chorava desesperado, pensando em como estaria sua mãezinha. Lembrava-se da sua preocupação com o presente e pedia para Jesus:
— Jesus, eu não quero mais presente nenhum no Dia das Crianças. Só desejo que minha mãe fique boa, retorne para nossa casa e fique junto de mim.
Sentindo vontade de fazer alguma coisa, ele pensou: O que posso fazer para ajudar?
 
Então, Daniel lembrou-se de tudo que a mãe fazia por eles, cuidando da casa, cozinhando, varrendo o chão, lavando e passando as roupas e muito mais. Então, uma ideia lhe veio à cabecinha: A casa está uma bagunça. Vou ajudar minha mãe!
Apesar de ter apenas oito anos, Daniel pegou a vassoura e varreu a casa. Arrumou as camas, guardou as roupas limpas e levou as sujas para o tanque. Viu que as plantas do jardim estavam murchas,  e  regou-as.  Só  não  sabia  mexer no
fogão e cozinhar.
Como estivesse sozinho, ele fazia as refeições na casa da vizinha. Contou à Dona Estela, mãe do amigo, o que estava fazendo e concluiu:
— Só não consigo lavar as roupas e passar.
— Não se preocupe, Daniel. Eu vou ajudá-lo lavando e passando as roupas.
Alguns dias depois, a mãe de Daniel ficou boa e saiu do hospital.
O pai de Daniel chegou com a mãe. Ela estava bem, mas precisava ainda repousar. O menino aproximou-se da mãe com imenso carinho:
— Mamãe, senti muita saudade de você! Ainda bem que voltou para nossa casa.
— Também estava sentindo sua falta, meu filho. Mas, graças a Deus, estou bem agora! Nossa casa está limpa, arrumada. Quem fez tudo isso?
— Fui eu, mamãe. Dona Estela só lavou as roupas e passou.
A mãe o abraçou, cheia de alegria.
— Ah, meu filho! Você se revelou um homenzinho cuidando da casa! Senti tanta saudade de você! Agora tudo vai voltar ao normal.
 
Nesse momento o pai entrou no quarto com um pacote de presente e entregou-o ao filho:
— Daniel, eu não esqueci que hoje é o Dia das Crianças, meu filho! Não é um presente caro, mas é o que pude comprar! Felicidades! — e deu um abraço no filho.
O menino só naquele momento lembrou-se
daquilo que tanto desejava, e agradeceu:
— Obrigado, papai, mas não precisava. Eu nem lembrava mais de presente. O que eu queria era que mamãe voltasse para casa. Agora eu entendo que para mim, realmente importante, o verdadeiro presente, é ter vocês aqui comigo.
Eles se abraçaram e Daniel agradeceu a Jesus por atender seu pedido, trazendo a mãe de volta para casa. Depois, com lágrimas nos olhos, o menino murmurou:
 — Ah! Não há coisa melhor do que estarmos todos juntos novamente!...
 
                                                        MEIMEI
 
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 30/09/2013.)

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