Ao examinarmos a palavra perdão ao pé do dicionário, encontraremos que a mesma significa "remissão de culpa, falta, ofensa ou dívida, indulto, indulgência". Por sua vez libertação quer dizer: " ato de libertar, que se traduz em tirar da prisão, da sujeição da escravidão; dar liberdade a; descarregar; desobstruir; libertar o ventre; livrar; tirar; aliviar; desobrigar; tornar-se livre; pôr-se em liberdade; escapar-se."
Como vemos o conceito de liberdade e libertação é muito mais amplo que o de perdão. Vemos por isso, que o indivíduo valoriza muito ser LIBERTO e nem tanto ser PERDOADO ou PERDOAR. Podemos dizer que ele está certo, pois o perdão é algo mais complexo, haja vista que o perdão é sempre muito bom para quem dá e pouco surte efeito para quem o recebe, ou seja, se somos dotados de uma percepção do que se passa em nós (consciência), é ela que quando não nos absolve, nos convida à reflexão íntima ao contato com o SER CRÍSTICO que em nós reside e existe.
Um exemplo do não perdão foi Sigmund Freud que durante toda a vida esteve coberto por um disfarce que lhe colocaria entre o amor e o ódio. Freud desde criança odiava a mãe e as irmãs, desta forma traduzia ao pai uma carga agressiva de ciúme. Mesmo com uma inteligência clara e seguida de um campo vasto na intimidade, ele se fez algoz de si mesmo e da família, sem que nunca fizesse algo que viesse a lhe prejudicar. Segundo os relatos obscuros de Freud, ele sentia toda a família como estranha; aquele amor que faltou ser aplicado no lar enquanto filho, passou a mulher Martha; o ódio que o menino Freud sentia era tão grande que alçava proporções mais complexas, ao ponto dele afirmar que odiava todas as pessoas que chegassem ao seu redor, assim sendo foi que no amadurecer dos anos, chegou a suposta presença do "Complexo de Édipo". Se vê que o ponto crucial do ódio de Freud era a mãe, e em contrapartida esse ódio transbordava e atingia os irmãos, por isso explica-se a questão do tão falado "mecanismo do inconsciente".
O perdão é bençao que aniquila todos os nevoeiros que influenciam e levam o homem ao afastamento da paz interna. Quando falamos de auto perdão, falamos da não punição, do autoconhecimento de si próprio. Quando se integra a criatura consigo mesma, ela tende a se tornar original, vencendo a hipocrisia e se tornando liberta para mergulhar em incursões profundas em direção aos cimos mais altos. Não implorarmos o perdão é o primeiro passo para perdoarmos; quando nos mantemos preocupados em suplicar que os outros nos perdoem, e pior que digam que nos perdoaram, acabamos por sustentar em nós uma culposidade que se alastra no psiquismo e nos convenciona ao fracasso devido. Aspiramos por mais luz, para tanto não podemos esperar que os outros nos iluminem; é necessário fazermos a iluminação própria; é fundamental fazermos a iluminação própria. Esmolar a luz é ativar em nós a situação de miserabilidade cósmica. O ser que retoma seu nível propício de consciência, se faz mais próximo da verdadeira escola interna de Jesus.
Quando aspirando cadentemente, O Mestre pediu ao Pai nos perdoasse, numa atitude não menos honrosa que as anteriores que ele houvera tomado, ensinou-nos que, mesmo diante das aflições horrendas e dantescas, devemos conservar a calma e enviarmos aos outros nossos protestos de perdão. Quando alguém é infeliz em sua consideração, logo surge ao seu lado a presença não requisitada da consciência que vem convidar ao banquete sublime de "oferecer a outra face". Poucos não foram os grandes homens que explicaram essa dialética deixando ensinada a vivida pelo Senhor da Esperança.
O maior tratado de perdão já existente é o Evangelho. Nele encontramos sempre o Divino Pastor enviando aos homens e mulheres fomentos e vibrações de paz, de gotas que por si só sãos as causas primárias para se originar o tão sonhado PERDÃO. Em dado momento, estando Jesus na casa de Pedro, falou ao altruístico apóstolo: " Pedro, na mesa de tua casa, é servido o pão de cada dia que recebes do Senhor. Por que não instalar ao redor desta mesa, a sementeira da felicidade e da paz, na conversação e no pensamento edificantes. O Pai que nos dá o trigo através do solo, envia-nos a luz, através do céu".
Como vemos a prática pioneira do PERDÃO surge no lar, visto que toda a problemática do mundo, existe em "miniatura" neste. Os homens e mulheres sanguinários que o mundo viu, tornaram-se desde os primeiros contatos com a cólera contra os entes, no convívio doméstico; inúmeros sensualistas que hoje se acham nas bacanais do prazer, ontem já ensaiavam os primeiros saltos pelos gostos extravagantes dentro do lar; quantos estelionatários que se fazem na atualidade transeuntes pelo país, já não demonstravam sua uma vocação ao usurparem da labuta entre quatro paredes; incontável número de criaturas que se acham atendidos pelos vícios, em determinado tempo da infância, já tratavam os encantos primários com substâncias químicas nocivas.
Se queremos um mundo onde as pessoas se perdoem e se sintam irmãs, faz-se mister que cada um de nós se aproprie desta grande riqueza que é o PERDÃO, e principalmente que executemos através desta santa palavra, a LIBERTAÇÃO de nós mesmos. O mundo urge a um tempo de reformar o pensamento, há uma forma de criar um campo vibracional, onde todas as criaturas se sintam felizes e plenas de si mesmas, para tanto cabe-nos apenas o papel de nos introduzirmos nesse contexto sensacional que visa o bem comum e a liberdade de todas as criaturas cósmicas deste imenso Universo de Luz e não nos esqueçamos:
"Conhecereis a verdade, e ela vos libertará".
Jefferson Leite
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