Pastor Marcos Pereira é preso por estupro no Rio
Líder evangélico foi detido na Via Dutra no fim da noite. Agentes da DCOD cumpriram dois mandados de prisão preventiva expedidos pela Justiça do Rio. VEJA revelou o caso em 2012
Leslie Leitão, do Rio de Janeiro
Pastor Marcos Pereira é acusado de estupro - Gustavo Azeredo/Ag. O Globo
O pastor evangélico Marcos Pereira, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias, foi preso na noite desta terça-feira no Rio de Janeiro. Agentes da Delegacia Especial de Combate às Drogas (DCOD) detiveram o pastor às 22h15 na Rodovia Presidente Dutra. Contra Pereira havia dois mandados de prisão preventiva com base em acusações de estupro - como VEJA revelou em 2012. O pastor, que comanda igrejas no subúrbio do Rio e na Baixada Fluminense, foi levado para a sede da delegacia, no Andaraí, na Zona Norte.
Por meio de interlocutores e advogados, Marcos Pereira fez, pouco depois de ser preso, um chamado: solicitou que seguidores de sua corrente evangélica se dirigissem à sede da delegacia para protestar contra a prisão, que ele considera abusiva.
Contra o pastor, foram abertos recentemente seis investigações, referentes a seis casos de estupro. Os mandados de prisão preventiva que resultaram na detenção desta noite são referentes a dois desses casos. Os juízes que decretaram a prisão foram Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca.
Influente na política e frequentemente visto na companhia de autoridades, Marcos Pereira ganhou notoriedade com seu poder de convencimento sobre criminosos presos, o que rendeu a ele uma imagem de “pacificador”. Marcos Pereira chegou a trabalhar em parceria com o Grupo Cultural AfroReggae, que se dedica a recuperar jovens que tiveram envolvimento com o tráfico.
A parceria acabou a partir de uma troca de acusações entre Pereira e o líder do grupo, José Júnior. Em fevereiro de 2012, Júnior deu uma entrevista ao jornal carioca Extra na qual acusava Pereira de ter ordenado ataques do tráfico em vários pontos do estado em 2006 – no episódio que deixou vinte pessoas mortas e ficou conhecido com “Rio de sangue”.
O pastor sempre negou as acusações e moveu ação contra José Júnior por calúnia. Júnior chamou, à época, o pastor e ex-aliado de “psicopata” e disse ter sido ameaçado por ele.
Pastor Marcos Pereira é transferido para presídio em Bangu
Na noite desta terça, os policiais cumpriram dois mandados de prisão expedidos pela Justiça contra ele por estupro a duas fiéis da igreja. Pereira foi detido na Rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Membro da Assembléia de Deus dos Últimos Dias, o missionário Waguinho esteve na DCOD, na madrugada desta quarta-feira, para dar apoio ao pastor.
Pereira (à direita) foi preso na Baixada | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
Pastor é preso pela Polícia Civil | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia
Entre as mortes em que o pastor Marcos Pereira é investigado está a de uma mulher que teria descoberto sessões de orgia que seriam promovidas por ele em um apartamento na Avenida Atlântica, na orla de Copacabana, Zona Sul do Rio.
O imóvel está em nome da igreja e avaliado em R$ 8 milhões. Segundo Márcio Mendonça, um irmão do pastor foi condenado por este crime.
Famoso por intermediar rebeliões e salvar bandidos
O pastor Marcos Pereira ficou famoso por intermediar rebeliões em presídios e por supostamente converter traficantes para a igreja. Pereira também teve destaque no noticiário ao negociar a libertação de vítimas, que, segundo ele, seriam assassinadas em tribunais do tráfico de drogas em morros e favelas do Rio.
O pastor chegou a trabalhar em parceria com a ONG AfroReggae, na recuperação de jovens envolvidos com o tráfico de drogas e traficantes que cumpriram penas. A parceria acabou depois de troca de acusações entre o pastor e o líder do AfroReggae, José Júnior.
Segundo Júnior, Pereira teria envolvimento nos atentados cometidos por líderes do tráfico em 2006, com vários ônibus incendiados na cidade. Na ocasião, em 2012, José Júnior disse ainda que, se fosse morto, o culpado seria o pastor.
Ex-pagodeiro defende pastor
Ex-integrante do grupo de pagode Os Morenos, Waguinho disse que o coordenador do Afroreggae tem inveja do trabalho feito pela ONG do pastor. Segundo ele, oito mil pessoas foram recuperadas do tráfico de drogas com o trabalho de Pereira.
Waguinho foi até a delegacia durante a madrugada | Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
"É uma denúncia (estupro) antiga que até hoje não se tem prova, uma investigação de anos. O pastor sempre se apresentou quando solicitado.. Ele realiza uma obra de recuperação de pessoas que o Brasil, o mundo conhecem", defendeu Waguinho.
Candidato a prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, nas últimas eleições, Waguinho insinuou que a prisão de Marcos Pereira pode ter cunho político. "Todo mundo sabe o que está acontecendo. Estamos chegando em 2014", disse, se referindo às eleições que serão realizado no ano que vem.
Fonte: Veja
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