Inegavelmente a criatura humana em algumas situações da vida desenvolve o hábito de julgar coisas, situações e pessoas antes mesmo de qualquer análise criteriosa. Sem que se perceba devidamente esse hábito se transforma numa rotina, fazendo com que as pessoas estejam quase sempre armadas perante tudo e todos. O hábito de julgar por si só, trazendo um excesso de criatividade negativa, que o "julgador" sempre se acha acreditando que os outros estão tendo "esse ou aquele" comportamento que na maioria das vezes não estão tendo. O julgamento se difere de se colocar no lugar dos outros, pois em verdade são coisas bem distintas. Quem se coloca no lugar de outrem na maioria das vezes desenvolve maior tolerância, enquanto quem julga desenvolve certa intolerância para com o comportamento alheio.
Lembro-me que fazem alguns anos, tínhamos uma vizinha idosa e solteira que morava somente com uma prima também idosa. A primeira era muito católica e todos os dias as sete da manhã ia à Igreja Católica para rezar. Era hábito dela e de minha mãe sempre presentearem uma a outra com iguarias que fizessem na culinária. Tudo ia bem até que uma vez minha mãe resolveu fazer um doce de banana e eram poucas unidades da fruta o que não rendeu tanto. Minha mãe colocou parte do doce numa vasilha e levou até a casa de nossa vizinha, no entanto naquela tarde a mesma não estava em casa, nem mesmo sua prima. Minha mãe voltou em casa, buscou uma sacola plástica mais firme e de cor cinza para envolver a vasilha e a colocou sobre uma mesinha na porta da casa para que quando a vizinha chegasse. Muitos dias se passaram e a vizinha religiosa já desde algum tempo passou a não cumprimentar mais minha mãe e não ter feito mais nenhum contato. Começaram a surgir piadinhas estranhas e tudo mais, até que um dia não lembro o motivo específico a referida vizinha me disse que minha mãe teria feito um feitiço para ela e colocado no doce de banana e ela "sentiu isso" tanto que quando chegou em casa, jogou a vasilha com o doce fora e daquele dia em diante passou a nos odiar. Tenho certeza que esse exemplo vivenciado por nós tem sido vivido por muitas pessoas a todos os dias, infelizmente.
Os julgamentos e principalmente os antecipados podem trazer efeitos amplamente nocivos na vida em sociedade, pois em alguns casos a "pessoa julgadora" se vê sempre invejada e perseguida por todos onde for ou estiver. Quando observa determinada atitude de uma pessoa já imagina que possui segundas, terceiras e até quartas intenções, como se a grande maioria das pessoas fossem sempre ruins o tempo todo. Uma das variações de se viver julgando é ciúme nos relacionamentos afetivos. Quantas vezes um dos parceiros começa a imaginar-se traído ou enganado e começa "a ver coisas" onde nunca existiram e até mesmo nunca existirão. Em outros casos se chega mesmo a terminar um relacionamento por hipóteses e desconfianças infundadas. Nos negócios sendo nos pólos de vendedor ou comprador, é comum a desconfiança e os receios na hora de fechar a negociação e em quase todos os sentidos da vida.
Uma idéia de duelo entre o bem e o mal ocorre costumeiramente na cabeça das "pessoas julgadoras" que se imaginam vítimas e os outros, vislumbram como algozes. Para melhorarmos nosso padrão vibratório e nossa caminhada na face da terra é importante lutarmos contra essa tendência de julgarmos os outros e tentarmos imaginar o que os outros pensam ou fazem. Os pensamentos devem ser disciplinados e principalmente disciplinadores, uma vez que pensamos aproximadamente 60 mil vezes por dia, temos em cada pensamento diário uma oportunidade de reajuste frente aos desafios de crescimento moral e espiritual. Não percamos a oportunidade de evitar o julgamento, pois cada coisa acontece em seu tempo, como cada pessoa está numa estado próprio de evolução. Quem fantasia coisas sofre várias vezes e se castiga em cada julgamento, principalmente os preconcebidos.
"Não julgueis para que não sejais julgados, pois com a medida que julgares será julgado". Mateus 7.1-2
Jefferson Leite
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