terça-feira, abril 30, 2013

Sabedoria na doação



 
Não é raro que, na ânsia de fazer o bem, nos disponhamos a dar coisas, distribuir alimentos.
Não é raro também se ouvir frases de decepção, do tipo: As pessoas nunca estão satisfeitas.
Se ofereço sopa, elas perguntam se não há algo mais. Se distribuo roupas, reclamam da cor e do modelo.

Ou ainda: Acredita que o andarilho falou que não queria o cobertor?
Essas situações nos remetem a uma outra, vivida no século passado, durante a revolução cultural da China.

Fang era uma pessoa compreensiva e receptiva a novas idéias.
Uma das grandes realizações dos Guardas Vermelhos fora a criação de escolas noturnas, cujo objetivo era transmitir aos camponeses as idéias comunistas de Mao.

Todos recebiam cópias do Livro Vermelho.
Fang era analfabeta. Por isso, dois jovens e entusiasmados Guardas Vermelhos decidiram ensiná-la a ler.

Ela nunca chegou a reconhecer palavras isoladas. Mas, conseguiu memorizar parágrafos inteiros dos ensinamentos de Mao.
Enquanto lavava a roupa, limpava a casa, costurava ou cozinhava, seus lábios se moviam.
Ela recitava, em silêncio, passagens do Livro Vermelho. Por isso, foi considerada uma aluna-modelo.

Pouco tempo passado, duas jovens da Brigada Vermelha foram visitá-la. Desejavam verificar seus progressos na leitura.
Fang disse que estava ocupada, que elas voltassem depois.
Naquela manhã, o carvão usado se recusava a acender e o pequeno cômodo estava tomado pela fumaça.

As moças se foram, mas, voltaram logo depois, insistindo que era preciso verificar se a senhora entendera os ensinamentos do Livro Vermelho de Mao.
Tinham de entregar, naquela noite, um relatório ao líder do grupo.

Fang ficou impaciente. Ela pediu que uma das moças assumisse seu lugar na cozinha, que a outra tentasse acender o fogo.

Elas se entreolharam confusas. Então, a camponesa desabafou:
Eu poderia passar todos os dias, por todo o resto da minha vida, decorando os ensinamentos de Mao.

Mas quero saber: Quem vai arrumar, limpar e cozinhar?

Quem vai dar banho nos meus sete filhos, costurar as roupas deles, preparar três refeições por dia, todo santo dia?

Quem vai fazer mágica para conseguir cozinhar?

Vocês pensam que as palavras do Presidente Mao enchem barriga?

Se vocês vierem aqui todos os dias para me ajudar nas minhas tarefas, eu aprendo o que quer que queiram me ensinar. E muito mais.
As moças foram embora, sem dizer nada. E nunca mais voltaram àquela casa.

*   *   *

Desejando fazer o bem, analise o que especialmente as pessoas que você pensa auxiliar, necessitam.

Algumas carecem de pão, outras necessitarão agasalho. Alguém pedirá que você lhe decifre o alfabeto.

Outro mais desejará dinheiro para se locomover a determinado local. Aquele sonha em freqüentar bancos escolares.

Pense nisso: o importante não é dar. É dar com sabedoria a cada um aquilo de que carece e anseia.

Desta forma, o seu benefício alcançará superiores objetivos, suprindo a real necessidade.



Redação do Momento Espírita com base no
 cap. 2 do livro Adeus, China –
 o último bailarino de Mao, de
 Li Cunxin, ed. Fundamento.

A sabedoria do bem




Quando, na Antiguidade, alguém queria matar um urso, pendurava uma pesada tora de madeira em cima de uma vasilha com mel.

O urso empurrava a tora com força, a fim de afastá-la do mel. A tora voltava e o atingia.

O urso ficava irritado, feroz, e empurrava a tora com mais força ainda, e esta o atingia por sua vez com muito mais força.

Isso continuava até o urso ser morto.

*   *   *

Se nos fixarmos nesse fato, numa reflexão rápida e despretensiosa, poderíamos afirmar
que as pessoas fazem o mesmo quando pagam o mal com o mal que recebem dos outros.

A sabedoria do bem busca compreender o momento do outro, a dor do outro, a angústia e infelicidades íntimas que o moveram a soltar pela boca o veneno que guarda na alma.

segunda-feira, abril 29, 2013

Notícias do além túmulo

Página psicografada na noite de 06/08/09 no Centro Espírita Vicente de Paulo na cidade de Patrocínio do Muriaé MG: 


Quando o pensamento alça as dimensões mais sutis da natureza, vida e morte encontram-se o ser pensante dotado de senso crítico nas grandes incógnitas da problemática advinda de suas dúvidas e insegurança. A crença na imortalidade d'alma muitas vezes não lhe assegura a consciência tranquila ante os embates  diuturnos consigo mesmo ou com outrem.
Assim, realidade a parte, muitos daqueles terrícolas que tateiam as hostes religiosas deparam-se com quadro que requer esforços hercúleos para o entendimento, de maneira que a criatura é quase pega de surpresa diante dos infinitos desafios que lhe aguardam na marcha do progresso.
Hoje, frente as transformações que borbotam nos horizontes da psicosfera terrestre demonstra-se esta tela figurativa que organiza sonhos e denota a fragilidade dos sistemas que no orbe se ensina.
Aqui, se assim podemos chamar averiguamos casos de grandes tragédias coletivas que nos vossos órgãos informativos ganham cada vez mais espaço e comentários; albergadas se encontram as personas que retidas na indumentária humana, transmutam-se para este plano intangível do vosso ponto de vista.
Ontém a Tifo nos ceifava os corpos nas ingentes provas, hoje as variações daquilo que simplesmente chamais Influenza, tem sido causa mortis de diversos peregrinos que recalcitrantes recebem as bençãos do retorno. Porém, nem sempre retornar é sinal de se haver quitado e de forma menos dispendiosa os débitos para com a Consciência Sublime do Alto. Assim queridos companheiros de jornada tantos quantos se acham superlotando os abrigos espirituais da própria faina vibratória, vitimados pelos acidantes aéreos; corpos devolvidos à mãe terra através de verdadeiras barbáries cometidas em nome do mesmo Deus do pretérito. Não percais os momentos que se demonstram caras oportunidades para vossas almas, pois aqui, ali, ou acolá inúmeros, ou melhor, incontáveis já que espíritos não se conta, reclamam não terem despertado em tempo para a grande verdade que liberta a criatura humana. O mundo invisível não mais tão invisível e questionável, se acha repleto daqueles que devolutos não mais podem atrapalhar a marcha sublimada do progresso deste globo que há de completar sob os auspícios sublimes do Grande Avatar do Amor seu compromisso iluminativo. Muitos destes chegam almejando paraísos perdidos, colônias espirituais reconfortantes, todavia deparam-se com o quadro da própria vida, já que ela é una e completamente continuativa. Bem aventurados de nosso Pai, espíritas! É tempo de observar que os flagelos destruidores fazem parte da grandiosa Misericórdia Divina em operação constante.
As portas que tanto vos preocupais apenas figuram entre os movimentos que de tempo em tempo emergem para o chamamento das criaturas ao grande Arquiteto do Universo, o Théos de sempre.

Anne Frank     

Sabedoria de mendigo





Era uma vez uma cidade muito gelada, como gelada também era a relação, ou melhor, a falta de relação entre os seus moradores.

Pessoas rabugentas que só sabiam reclamar umas das outras e da situação, viviam isoladas cada qual em sua própria casa, indiferentes para com os que não possuíam um teto para se abrigar do frio.

Um dia, passou por aquele lugarejo um mendigo.

Sofrendo com os açoites do vento e com a fome que lhe castigava o estômago, ele ousou bater na porta de uma daquelas casas, em cujo interior viviam as pessoas que sempre estavam de mal com a vida...

Assim que a porta se abriu, uma voz rouquenha ecoou pelos ares, espantando o pobre pedinte, que pensou muito antes de bater na próxima casa.

O atendimento não foi diferente... Mais gritos e xingamentos o fizeram sair em disparada.

O mendigo sentou-se desanimado num velho e sujo banco, e ficou por alguns minutos mastigando um pedaço de pão ressecado que havia catado na lixeira.

Quando se levantou para seguir seu caminho, em busca de uma cidade mais acolhedora, percebeu que havia uma porta entreaberta... Era a porta do templo que se abria e fechava com o movimento do vento...

Meio desconfiado, ele foi entrando devagarzinho...

Encontrou o guardião do templo, Sr. Chamas, e seu ajudante, igualmente congelado pela mesmice que dominava aquela cidade cinzenta e fria...

Olá!, falou, sem que ninguém lhe desse ouvidos.

Limpou a garganta provocando um ruído forçado, tentando obter alguma atenção... Em vão.

Aproximou-se, então, do Sr. Chamas, que pensava em como conseguir algo para comer, naquela cidade onde ninguém compartilhava nada com ninguém, e falou bem alto:

Que pena que não poderei fazer aquela sopa quentinha, para espantar o frio e matar a fome...!

Sopa!?, falou interessado o velho guardião.

Sim, eu sei fazer uma deliciosa sopa de botão de osso, mas são necessários seis botões, e tenho apenas cinco...

Eu não tenho nenhum botão de osso, resmungou o Sr. Chamas.

Mas o alfaiate poderá nos ajudar, interveio o ajudante animado...

Jamais pedirei alguma coisa àquele velho babão e rabugento, resmungou.

Contudo, a vontade de tomar uma sopa quentinha o fez mudar de idéia... E lá se foi ele, seguido pelo seu fiel ajudante, em busca de um botão de osso para o mendigo fazer a prometida sopa com os botões milagrosos...

O Sr. Mendel, não menos rabugento, foi atender a porta com visível má vontade, já que ambos viviam de brigas o tempo todo. Mas a fome do Sr. Chamas era maior que o seu orgulho e por isso ele falou calmamente ao seu companheiro de encrencas: Precisamos de um botão de osso.

O alfaiate ia dizer que não tinha botão algum, quando ouviu a palavra mágica sopa e interessou-se pelo assunto. Foi buscar um botão... No entanto, impôs uma condição: iria junto para ver o milagre.

Ah, o mendigo havia pedido também uma colher de pau, uma panela grande, uma faca, e outras coisinhas mais...

E assim o Sr. Chamas, seu ajudante, o alfaiate e sua sobrinha saíram pelas ruas, batendo de porta em porta para pedir os utensílios necessários para se fazer a sopa de botão de osso.

Uma a uma as pessoas iam se juntando até que tudo havia sido providenciado.

Porém o mendigo, que era muito esperto, disse que a sopa já estava boa, e poderia ficar ainda melhor se alguém trouxesse um pouco de cenoura, repolho, sal, pimenta, alho, e outros ingredientes...

As pessoas se lembravam que tinham alguma coisa em suas despensas... E mais e mais coisas foram surgindo...

A sopa ficou pronta e todos tomaram até se fartar.

Surgiu até alguém para tocar e o povo dançou, e dançou, a noite toda.

No dia seguinte, não faltaram portas se abrindo para o mendigo se abrigar do frio.

Como o mendigo tinha que seguir o seu caminho de mendigo... despediu-se e se foi... não sem antes deixar os botões milagrosos para que aquela população pudesse continuar fazendo a sopa.

Muito tempo se passou... Os botões foram se perdendo, um a um...

Mas aquele povo já havia descoberto que o verdadeiro milagre não estava nos botões, e sim na solidariedade que agora reinava em todos os corações que passaram a se ajudar mutuamente.

Redação do Momento Espírita

As cicatrizes que a vida deixou



A criatura humana tende a temer mudanças, a prender-se em situações complexas para não sentir a sensação de insegurança e com isso acaba se escravizando as imposições de outrem, "perde" a própria personalidade para ceder lugar aquele arquétipo que os outros desejam que ele ou ela possua. Sob a alegação de carência afetiva é muito comum observarmos companheiros que se fecham para a vida e começa a ter sérias dificuldades para prosseguir na rota do equilíbrio de si mesmo. Acumulando uma carga psicológica gigantesca do passado, a pessoa tende com  o passar do tempo a sentir-se cada dia mais sufocado pelos impositivos de uma pessoa, um grupo ou mesmo pelos modelos sociais que lhe são oferecidos.
Não podemos ignorar que "o individuo é produto do meio", portanto tende  a receber essas influências comportamentais e se obrigar  a fazer delas sua rotina de vida. Em alguns casos, a pessoa sente a necessidade de se livrar dessas presilhas mentais e começa a contestar tudo que lhe foi oferecido como certo. O diagnóstico deve partir da própria pessoa, pois se trata de uma auto análise que requer antes de tudo muita sobriedade para identificar as raízes dos problemas e a consequente terapia para sua resolução. Tenho observado um número cada vez maior de irmãos que sobrecarregados com traumas, fobias acabam se fechando num "casulo mental' sem ao menos se permitirem a chance de serem felizes e viverem em plenitude com Deus em seu interior. Sendo a criatura um conjunto de experiências pretéritas, guardando as devidas proporções podemos dizer que "sua caixa preta" em parte conserva as que são inconscientes graças a lei do esquecimento das informações anteriores a vida uterina, mas que são altamente influenciantes em seu modelo de sustenção psicológica e moral.
Curar as cicatrizes não é fácil. Requer de nossa parte esforços imensuráveis para vencer os desafetos de ontem; superação para compreender o adversário que recebemos em casa; persistência para não estacionarmos no caminho; coragem para escolhermos seguir adiante, enfim é uma prática de longo tempo, mas que deve começar com o primeiro passo. Ninguém veio ao mundo para sofrer e não vencer o sofrimento. Aquilo que nos serve de tropeço em verdade é um exercício que devemos fazer para superarmos as dificuldades de ontém, com a certeza da vitória de hoje e a recompensa de amanhã. Quando falamos em recompensa não nos referimos aos jogos pessoais de estímulos, falamos do verdadeiro direito nosso de SERMOS FELIZES. Devemos converter as mágoas, as dores mais distantes em lições de vida, sem mantemos na memória os momentos menos felizes, mas apenas façamos deles estandartes e troféus de nossa superação por dever como filhos de Deus.

domingo, abril 28, 2013

O Tempo





O tempo é o campo eterno em que a vida enxameia
Sabedoria e amor na estrada meritória.
Nele o bem cedo atinge a colheita da glória
E o mal desce ao paul de lama, cinza e areia.
Esquece a mágoa hostil que te oprime e alanceia.
Toda amargura é sombra enfermiça e ilusória...
Trabalha, espera e crê... O serviço é vitória
E cada coração recolhe o que semeia.
Dor e luta na Terra –a Celeste Oficina 
São portas aurorais para a Mansão Divina,
Purifica- te e cresce, amando por vencê- las...
Serve sem perguntar por “onde”, “como” e “quando”,
E, nos braços do Tempo, ascenderás cantando
Aos Píncaros da Luz, no País das Estrelas!



Amaral Ornellas nasceu no Rio de Janeiro em 20 de outubro de 1885 e desencarnou em 5 de janeiro de 1923. Talento brilhante, deixou dois volumes de Poesia, consagrados pela crítica coeva, além de copiosa literatura teatral e doutrinária  O poema acima faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo, obra Francisco Cândido Xavier.

sábado, abril 27, 2013

Ajuda e passa





Estende a mão fraterna ao que ri e ao que chora:
O palácio e a choupana, o ninho e a sepultura,
Tudo o que vibra espera a luz que resplendora,
Na eterna lei de amor que consagra a criatura.
Planta a bênção da paz, como raios de aurora,
Nas trevas do ladrão, na dor da alma perjura;
Irradia o perdão e atende, mundo afora,
Onde clame a revolta e onde exista a amargura.
Agora, hoje e amanhã, compreende, ajuda e passa;
Esclarece a alegria e consola a desgraça,
Guarda o anseio do bem que é lume peregrino...
Não troques mal por mal, foge à sombra e à vingança,
Não te aflija miséria, arrima- te à esperança.
Seja a bênção de amor a luz do teu destino.





Alberto de Oliveira
FLUMINENSE, nascido em Palmital de Saquarema, em
1859, e falecido em Niterói, em 1937. Farmacêutico, dedicou - se
principalmente ao Magistério. Membro fundador da Academia
Brasileira de Letras, parnasiano de escola, foi tido como Príncipe
dos Poetas de sua geração.

O poema acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra de Francisco Cândido Xavier.

POEMA de CHICO XAVIER





Que Deus não permita que eu perca o ROMANTISMO, 
mesmo eu sabendo que as rosas não falam. 

Que eu não perca o OTIMISMO, 
mesmo sabendo que o futuro que nos espera não é assim tão alegre. 

Que eu não perca a VONTADE DE VIVER, 
mesmo sabendo que a vida é, em muitos momentos, dolorosa... 

Que eu não perca a vontade de TER GRANDES AMIGOS, 
mesmo sabendo que, com as voltas do mundo, eles acabam indo embora de nossas vidas... 

Que eu não perca a vontade de AJUDAR AS PESSOAS, 
mesmo sabendo que muitas delas são incapazes de ver, reconhecer e retribuir esta ajuda. 

Que eu não perca o EQUILÍBRIO, 
mesmo sabendo que inúmeras forças querem que eu caia. 

Que eu não perca a VONTADE DE AMAR, 
mesmo sabendo que a pessoa que eu mais amo, pode não sentir o mesmo sentimento por mim... 

Que eu não perca a LUZ e o BRILHO NO OLHAR, 
mesmo sabendo que muitas coisas que verei no mundo, escurecerão meus olhos... 

Que eu não perca a GARRA, 
mesmo sabendo que a derrota e a perda são dois adversários extremamente perigosos... 

Que eu não perca a RAZÃO, 
mesmo sabendo que as tentações da vida são inúmeras e deliciosas. 

Que eu não perca o SENTIMENTO DE JUSTIÇA, 
mesmo sabendo que o prejudicado possa ser eu... 

Que eu não perca o meu FORTE ABRAÇO, 
mesmo sabendo que um dia meus braços estarão fracos... 

Que eu não perca a BELEZA E A ALEGRIA DE VER, 
mesmo sabendo que muitas lágrimas brotarão dos meus olhos e escorrerão por minha alma... 

Que eu não perca o AMOR POR MINHA FAMÍLIA, 
mesmo sabendo que ela muitas vezes me exigiria esforços incríveis para manter a sua harmonia. 
Que eu não perca a vontade de DOAR ESTE ENORME AMOR que existe em meu coração, 
mesmo sabendo que muitas vezes ele será submetido e até rejeitado. 

Que eu não perca a vontade de SER GRANDE, 
mesmo sabendo que o mundo é pequeno... 

E acima de tudo... 

Que eu jamais me esqueça que Deus me ama infinitamente, 
que um pequeno grão de alegria e esperança dentro de cada um é capaz de mudar e transformar qualquer coisa, pois.... 

A VIDA É CONSTRUÍDA NOS SONHOS 
E CONCRETIZADA NO AMOR! 


Amorosamente, 

Francisco Cândido Xavier 

Geralmente, lemos as psicografias de Chico Xavier, mas este é um poema do próprio Chico.


sexta-feira, abril 26, 2013

NOITE DA PIZZA

NOITE DA PIZZA NO GRUPO DA FRATERNIDADE ESPIRITA HUMBERTO DE CAMPOS. 




Saber agradecer





Muitos de nós costumamos reclamar das dificuldades do mundo, mas será que temos pensado nas facilidades que são colocadas em nossas mãos?

Apressamo-nos em quitar a conta de luz elétrica para não pagar a multa cobrada pelo atraso. Todavia, a usina solar que nos fornece claridade, calor e vida, não é lembrada em nossa conversa diária.

Reclamamos quando pagamos a conta de água encanada, mas sequer nos lembramos da gratuidade da água das chuvas e das fontes cristalinas que enriquecem a vida.

Gastamos elevada soma de dinheiro na aquisição de gêneros alimentícios que nos atendam ao paladar, contudo, o oxigênio, elemento mais importante a sustentar-nos o organismo, é utilizado em nosso sangue sem pesar-nos no orçamento.

Despendemos altos valores para renovar o guarda-roupa, e apesar disso, não nos lembramos o quanto devemos ao corpo de carne a resguardar-nos o espírito.

Remuneramos muito bem o profissional especializado pela adaptação de um só dente artificial; entretanto, nada tivemos que pagar para obter a dentadura natural completa. . .

Pagamos pelas drágeas medicamentosas para acalmar leve dor de cabeça, e esquecemos de que recebemos de graça a faculdade de pensar.

Pagamos altas quantias para assistir a um espetáculo esportivo ou artístico, contudo, podemos contemplar de graça o solo cheio de flores e o céu faiscante de estrelas...

Para ouvir as melodias de uma orquestra qualquer, temos que desembolsar quantia significativa, no entanto, ouvimos diariamente a divina música da natureza, sem consumir um único centavo...

Observando essas pequenas situações, nos daremos conta de que temos mais para agradecer do que para reclamar.

O que normalmente ocorre, é que o hábito de agradecer ainda não faz parte de nós.

Conforme a recomendação de Paulo, o apóstolo, devemos dar graças por tudo.

Um dia, uma senhora ouviu um orador fazer essa recomendação e logo que ele concluiu sua fala, ela aproximou-se dele e lhe falou:

Ah, meu amigo, como é que eu posso dar graças por tudo, se a minha mãe está internada num hospital há meses, fazendo tratamentos dolorosos?

Pense, minha amiga, que tantas mães morrem nas sarjetas sem cuidados médicos nem assistência amiga de um familiar, e a sua genitora pode dispor de um hospital e de toda uma equipe de médicos e enfermeiros para atendê-la.

A senhora retrucou:

É, meu amigo, mas eu só sobrevivo à custa de dez remédios diferentes que tomo todos os dias...

O orador, que realmente desejava mostrar-lhe que tinha motivos para agradecer, respondeu compassivo:

Veja a senhora que existem tantas pessoas que não têm recursos para comprar um único remédio para aliviar a dor, enquanto a senhora pode comprar dez...

Por fim, a senhora entendeu que tinha motivos de sobra para agradecer a Deus por tudo...

*     *    *

Deus nos dá sempre o de que necessitamos, embora nem sempre seja o que gostaríamos de receber.

É que Deus sabe o que é melhor para nosso progresso. Como Pai justo e bom, não leva em conta nossas reclamações e oferece-nos sempre um novo dia repleto de oportunidades para que gravitemos para Seu amor, que é fonte inesgotável de bênçãos.

Redação do Momento Espírita, cap. 66, do livro
O Espírito da Verdade, obra de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, ed Feb.

Aos consumidores de drogas





Talvez você já tenha dito ou ouvido a infeliz afirmativa: Se eu uso drogas, o problema é meu, e ninguém tem nada a ver com isso. A droga só a mim prejudica.
Se você pensa dessa maneira, gostaríamos de lhe convidar a fazer algumas reflexões a respeito, sob outro ponto de vista.

Você já deve ter visto, ao vivo, pela TV ou nos jornais, a triste imagem de uma criança de oito anos de idade ou de um adolescente de doze, com uma metralhadora na mão, a serviço dos traficantes de drogas, não é mesmo?
São cenas chocantes e deprimentes, você há de convir...
No entanto, você jamais deve ter pensado que, usando drogas, está colocando o dinheiro na mão do traficante para que ele compre a arma e a coloque nos ombros dessas crianças.
Você já deve ter visto o sórdido espetáculo de uma mãe desesperada, com o coração sangrando e o rosto banhado em pranto, debruçada sobre o cadáver do filho querido que foi morto tentando fazer com que a mercadoria chegasse às suas mãos.
Você, que é consumidor, talvez não tenha se dado conta, mas é um dos responsáveis pela violência gerada nesse disputado mercado das drogas.
Você, que é usuário de drogas, ainda que seja de vez em quando, está contribuindo com a corrupção nutrida no submundo das drogas, e fomentando a disputa sangrenta pelo consumidor, que enche os bolsos dos poderosos do tráfico, dizimando vidas e matando esperanças.

Lamentavelmente, a grande maioria desses consumidores não percebe que o mal que causam está longe de ser um problema seu, como afirmam.
Não se dão conta de que seu vício é alimentado com sangue e lágrimas de muitos.
Em nome da satisfação de seu egoísmo, o consumidor de drogas deixa um rastro de sangue sem precedentes... E responderá por isso perante as Leis Divinas, sem dúvidas.
As mídias noticiaram o assassinato de um jornalista, que foi executado a sangue frio pelos donos do pedaço, que ele invadira, no cumprimento do seu dever de profissional comprometido com a verdade.

O povo se manifestou. Houve passeatas, protestos e pedidos de justiça. Muito louvável, não há dúvida. Mas, quantos daqueles que empunharam a bandeira da paz e da justiça não terão contribuído para que aquela execução se realizasse?
Quantos executivos que, sentados em suas poltronas de luxo criticam a violência, sem se dar conta de que esta é alimentada pela farta mesada que colocam nas mãos de filhos viciados.
Você há de concordar que não haveria esse mercado infame das drogas se não houvesse o consumidor.

Quando vemos a cínica expressão de um prisioneiro que comanda o terror de dentro da prisão, temos que admitir que ele age dessa forma porque tem costas quentes, e está seguro de que nada lhe acontecerá.
E você, que é consumidor de drogas, está financiando esse mercado bilionário, alimentando esses tiranos cruéis que enriquecem graças a sua frágil vontade de encarar a vida de frente e de mente lúcida.
Mas essas não são as únicas desgraças que um viciado provoca. Há aquelas que acontecem dentro do seu próprio lar. Aquelas capazes de dilacerar um coração de mãe ou de pai, de irmão ou de filho, com atitudes inconsequentes e egoístas.
Se você ainda não havia pensado nessa questão sob esse ponto de vista, pense agora.
E, se pensar com sinceridade, perceberá que o vício está longe de ser um problema só seu, que só a você prejudica.

Faça um balanço urgente e tome a decisão acertada: boicote as drogas. Empobreça esses abutres que se alimentam das vidas dos dependentes descuidados.
Se lhe faltarem as forças, busque ajuda de profissionais especializados e confie seu coração àquele que foi e continua sendo o maior Psicoterapeuta de todos os tempos: Jesus Cristo.

Seu atendimento é gratuito, basta buscá-Lo através da oração.
Se as drogas ainda não destruíram por completo o seu senso crítico, reflita agora sobre tudo isso e mude o rumo dos seus passos.

Temos certeza de que você conseguirá.

Redação do Momento Espírita. 


quinta-feira, abril 25, 2013

A força do tempo





Ela cicatriza feridas que o próprio tempo não fechou
Na realidade ele espera o momento certo pra dizer o que calou
A  força do tempo é aconchego, equilíbrio sem igual
Ela luariza dores de efeito espiritual.
A força do tempo liberta a criatura, desfaz toda amargura
Preparando para nova jornada, que seria hoje ou amanhã
Um novo momento de chegada, na luz de novo afã
No calendário universal, o tempo tem novo valor
A ampulheta da vida renascida também se chama: AMOR.

Jefferson Leite

Faça o seu melhor





Deus não criou os Espíritos perfeitos, mas aperfeiçoáveis e perfectíveis.
Trata-se de uma constatação muito fácil de ser feita.
Basta olhar em volta para perceber homens e mulheres com tendências e talentos variados.
Em uns, avulta a inteligência.
Em outros, a delicadeza de sentimentos chama a atenção.
Há quem tenha considerável talento artístico.
No princípio, eles eram extremamente parecidos em sua singeleza.
No final dos processos, todos serão perfeitos.
Na atualidade, sua força e sua fraqueza denotam os caminhos que escolheram trilhar em sua jornada evolutiva.
Como seres imperfeitos, já muito erraram e outros erros ainda cometerão.
Mas isso não é de causar estranheza e a vida propicia modos de reparação de todo o mal causado.
A Misericórdia Divina é infinita e auxilia a todos.
Basta ter boa vontade para se recompor.
Ou seja, estar disposto a trabalhar firme em favor do progresso.
É preciso que os talentos amealhados ao longo do tempo sejam utilizados de forma construtiva.
Quem possui cintilante inteligência necessita empregá-la no esclarecimento dos irmãos de caminhada.
Os cientistas têm o dever de, mediante suas descobertas e criações, propiciar vida mais longa e confortável aos semelhantes.
O talento artístico deve chamar a atenção para as maravilhas da criação.
A música, a pintura, a representação, toda forma de arte tem a vocação de ser um convite à apreciação do belo e do sublime.
Qualquer que seja o talento, ele pode e deve ser utilizado no bem.
Não é lícito enterrar os talentos recebidos, conforme ensina a famosa passagem evangélica.
Eles representam o meio de que cada Espírito dispõe para reabilitar-se perante a Consciência Cósmica.
Se cometeu equívocos no processo de aprendizado e amadurecimento, também desenvolveu variados dons.
A utilização desses dons deve funcionar como o amor que cobre a multidão de pecados, na feliz expressão do apóstolo Pedro.
Bem se vê que errar para aprender não é tão grave assim.
Basta ter a coragem de assumir as conseqüências dos próprios equívocos e tratar de repará-los.
Como o passado espiritual se esfumaça no processo reencarnatório, a vida manda alguns lembretes.
Eles se apresentam na forma dos parentes problemáticos, do chefe difícil, do convite para trabalhar por uma causa.
O talento que se tem é o indicativo da tarefa a ser feita.
O mesmo ocorre com o contexto social em que se é inserido.
Assim, tenha boa vontade e faça o seu melhor, em todas as circunstâncias de sua vida.
O bem que você hoje pratica representa a sua gratidão pelos talentos e oportunidades com que a vida o brindou, ao longo dos milênios.
Pense nisso.

Retirado do site:
Redação Momento Espírita.


O viajor e a Fé




 Cármen Cinira

— “Donde vens, viajor triste e cansado?”
— “Venho da terra estéril da ilusão.”
— “Que trazes?”
— “A miséria do pecado,
De alma ferida e morto o coração.
Ah! quem me dera a bênção da esperança,
Quem me dera consolo à desventura!”

Mas a fé generosa, humilde e mansa,
Deu-lhe o braço e falou-lhe com doçura:
— “Vem ao Mestre que ampara os pobrezinhos,
Que esclarece e conforta os sofredores!...
Pois com o mundo uma flor tem mil espinhos,
Mas com Jesus um espinho tem mil flores!”


Cármen Cinira, nome literário de Cinira do Carmo Bordini Cardoso, nasceu no Rio de Janeiro em 1902 e faleceu em 30 de agosto de 1933. Sua espontaneidade poética era tão grande que ela própria acreditava serem seus versos de origem mediúnica. O poema acima integra o Parnaso de Além-Túmulo, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.

quarta-feira, abril 24, 2013

O astronauta do futuro



Lucas, menino de sete anos, andava sempre olhando para o céu, admirando as estrelas e sonhando acordado.
Adorava o espaço e gostava de imaginar que era um astronauta. Sempre que se reunia com amiguinhos, em sua casa, a brincadeira mais frequente era que estavam numa nave espacial,    em     viagem     pelas     galáxias.
Inventavam dificuldades, obstáculos e problemas, que eles mesmos resolviam, retornando sempre em segurança para o planeta Terra.
Quando Lucas ganhou uma roupa de astronauta, ficou eufórico. Aí não conseguia fazer mais nada. Passava o tempo todo dentro da roupa, vivendo no seu mundo de fantasia.
Na escola, tinha dificuldade em manter o pensamento na aula. Estava sempre viajando.
Certo dia, ele não conseguiu fazer os deveres de casa, e a professora perguntou:
 
— Por que não fez as tarefas, Lucas?
De cabeça baixa, envergonhado por ser repreendido na frente dos colegas, ele respondeu:
— Esqueci, professora.
Daniel, um garoto que estava sempre brincando e fazendo piadas a respeito de tudo, sugeriu:
— Vai ver que estava viajando pelas estrelas, professora.
Todos caíram na gargalhada.
— Silêncio! — ordenou a professora.
Depois, olhando para o engraçadinho perguntou:
— Por que você disse isso, Daniel?
O menino, encabulado, respondeu:
— Desculpe-me, professora, mas o Lucas está sempre brincando de viagens espaciais!
— Ah! Então é por isso que você não fez as tarefas, Lucas?
— É verdade, professora. Quando brinco não vejo o tempo passar. Adoro colocar minha roupa de astronauta e imaginar que estou no espaço em missão.
— Entendo. Mas por que tanto interesse? O que você espera com isso?
Diante da atenção da professora, Lucas explicou:
— Tenho vontade de conhecer outros planetas, de encontrar vida em outros mundos, de conhecer seres diferentes. Quando crescer, vou estudar bastante e quero ser um astronauta! 
 A professora, que o fitava séria, considerou:
 — Mas não percebe que, agora, você pode se prejudicar, e até ser reprovado, se não estudar? Além do mais, Lucas, tudo isso é bobagem. Até agora ninguém provou que existe vida em outros mundos. Acho melhor esquecer essas besteiras e tratar de estudar. Vamos à aula!
A professora voltou-se para o quadro-negro, escrevendo a matéria do dia, e ninguém mais falou no assunto.
Lucas, porém, estava profundamente chateado. Sentia-se humilhado perante os colegas.
A professora havia acabado com seus sonhos, com seus planos para o futuro.
Triste e desiludido, de cabeça baixa, Lucas retornou para casa.
Ao vê-lo chegar desanimado, a mãe perguntou:
— Olá, meu filho! O que houve? Parece que você está um pouco triste. Venha cá, sente-se perto da mamãe e me conte o que aconteceu.
O garoto relatou o acontecido na sala de aulas e, com lágrimas nos olhos, quis saber:
— Mamãe, é verdade que não existe vida em outros planetas?
A mãezinha arregalou os olhos, surpresa:
— Como não, meu filho? O fato de ainda não terem encontrado vida não significa que não exista. As viagens espaciais são feitas exatamente para encontrar vestígios de vida em outros mundos.
— Ah, é verdade? Estou mais tranquilo — respondeu o menino, aliviado.
A mãe pensou um pouco, e prosseguiu:
— Além disso, meu filho, julgo que sua professora não conhece direito o Evangelho de Jesus.
E, diante do garoto maravilhado, a mãe explicou:
— Quando Jesus disse: Há muitas moradas na Casa de meu Pai, falou exatamente sobre esse assunto. Qual é a Casa do Pai, Lucas?
— Aprendi que é tudo o que existe!
— Exato, meu filho. Então, a Casa de Deus, nosso Pai, é o Universo, com tudo o que ele contém: o Sol, a Lua, as Estrelas, os Planetas e tudo o mais. Você acha que o Criador, que é a sabedoria suprema, criaria tudo isso para nada? Por exemplo, você criaria uma cidade para colocar vida inteligente apenas num pequeno barraco, de um bairro bem distante?
— Claro que não, mamãe!
— Então, Lucas, nosso Pai Celeste também não faria isso.
Ainda preocupado, o menino retrucou:
— Então, por que até agora não foi encontrada vida em outros mundos, mamãe?
A mãezinha pensou um pouco e concluiu:
— Talvez ainda seja cedo, meu filho. A quantidade de planetas que existe no Universo é imensa, o que torna a busca mais difícil. Acontece, também, que nossos aparelhos e naves não são equipados de maneira a realizar essa façanha, no momento. Além disso, com toda a violência que existe na nossa sociedade, as guerras, que são fruto do orgulho, do egoísmo e da ambição dos homens, o que acha que iria acontecer se Deus permitisse que o ser humano desembarcasse num outro planeta?
— Iria levar brigas para lá! — respondeu o garoto.
— Isso mesmo, meu filho. Levaria confusão, desordem, agressividade, violência, e muito mais. Tudo o que existe aqui em nosso mundo. E isso Deus não pode permitir.
Lucas ficou calado, refletindo no que a mãe tinha dito.
Vendo o filho pensativo, a mãe concluiu:
— Mas não perca a esperança, meu filho. Confie em Deus. Tudo isso vai mudar. No futuro, quando o homem for melhor, quando conseguir viver em paz com seus irmãos, quando souber respeitar a si mesmo, ao seu semelhante e à própria natureza, Deus permitirá que realize seu desejo e encontre vida em outros mundos. Até lá, não deixe de sonhar, mas prepare-se e estude bastante.
Lucas encheu-se de alegria e de renovadas esperanças ante as palavras da mãezinha.
E continuou olhando para o espaço infinito, admirando as estrelas e sonhando com o dia em que seria um astronauta, para levar a paz a outros planetas.                      



                                                    (Célia X. de Camargo) Revista O Consolador


FELICIDADE


A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros.
Allan Kardec




Modismo e Revelações



De quando em quando somos envolvidos por modismos que ganham cada vez mais adeptos, no momento muitos "profetas" estão aparecendo em vários segmentos religiosos e "vendendo" muitas revelações, milagres e predições. O grande problema dessas revelações  se dá quando as pessoas alvo das mesmas acabam mudando suas vidas no sentido nocivo é claro, ou esperando o que provavelmente nunca irá acontecer e ai surgem as decepções que sendo com as pessoas, costumamos transferir para as religiões. Na vida física muitas necessidades surgem e em alguns casos elas se transformam em "sofrimento" e como ninguém, ou quase ninguém gosta de sofrer a pessoa tende a repelir tudo que lhe provoque dificuldade no caminho e assim aparecem os "videntes" que irresponsavelmente costumam criar expectativas.

Na vida sentimental, residem muitos dos problemas humanos e não raro a pessoa solitária se torne "presa fácil" dessas revelações, com promessas de conhecer a pessoa de sua vida, sua "alma gêmea" pode muitas vezes se encantar por todos esperando que seja ele ou ela; com as finanças promessas de emprego, "portas que serão abertas" podem levar ao comodismo ou a uma credulidade excessiva; na saúde as promessas de "curadores" que resolvem todas as moléstias fazem com que a pessoa vá por muitos caminhos esperando uma cura acima da normalidade em verdadeiras excursões; os conflitos familiares também são muito usados para informar que os entes mais difíceis se converterão em "anjinhos" da noite para o dia.
Não se pode negar que algumas pessoas são mais fáceis de se iludirem com seus líderes ou conselheiros espirituais, no entanto quando se vive um grave problema é comum permanecer numa sensibilidade maior que a normal, ou seja desenvolve-se um nível elevado de carência que geralmente é conhecida por aqueles que prometem resolver todos os problemas de quem os procura. De forma alguma negamos os dons mediúnicos, os carismas ou os dons variados da criatura que costumeiramente foi chamado de sexto sentido, no entanto há de se ter todo o cuidado pois inúmeros irmãos em todas as religiões se tornam extremamente crentes em tudo e para com tudo. A religião feita como comércio e promoção pessoal, hoje tem gerado uma "guerra" entre uns e outros geralmente de mesmo credo que desejam maior destaque e consequente maior lucro, uma vez que o conflito envolve dinheiro e poder como pano de fundo.
Inegavelmente problemas e tribulações ocorrem em determinados momentos na vida de todos sem distinção, entretanto o necessário é que se tenha a habilidade e a serenidade para não se tornar mais uma vítima "nas mãos" dos enganadores que "vendem facilidades", mas que acabam vinculando o sofredor a si para não o "perder". Essa dependência do líder espiritual dificulta o crescimento individual da pessoa, pois funciona como se houvesse um elo entre Deus e o "sofredor"que no caso é líder religioso.


A descoberta de si mesmo ocorre quando a criatura consegue potencializar-se frente aos desafios da vida, quando se promove a ligação com o Alto com maturidade e equilíbrio. O bom senso deve orientar para que consiga filtrar as informações que lhe são passadas e distinguir o verdadeiro do falso. A mensagem crística não precisa de alegorias e "revelações" para produzir efeitos, conforme lecionou Jesus. Simples por natureza a essência dos ensinos consoladores da doutrina cristã deve repudiar as mentiras e o fanatismo, posto que tentar "escravizar" psicologicamente os irmãos chega mesmo a ser falta de caridade. Boa parte dos fiéis não alcançam aquilo que lhes foi "prometido", se decepcionam e perdem a esperança nas pessoas e nos sistemas religiosos. Nossa sociedade passa por um momento de revisão de conceitos arcaicos que nos foram fornecidos, é o momento do verdadeiro encontro e da religação (religião vem do latim "religare") cumprir o papel de harmonizar as pessoas com a Divindade e entre si sem a dependência dos "Vendilhões do Templo".

"Não somos humanos passando por experiências espirituais, mas espíritos passando por uma experiência humana."
Pe Chrystian Shankar


Jefferson Leite

Ave Maria



 Amaral Ornellas

Ave Maria! Senhora
Do Amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
A vossa missão sublime!

Cheia de graça e bondade,
É por vós que conhecemos
A eterna revelação
Da vida em seus dons supremos.

O Senhor sempre é convosco,
Mensageira da ternura,
Providência dos que choram
Nas sombras da desventura.

Bendita sois vós, Rainha!
Estrela da Humanidade,
Rosa mística da fé,
Lírio puro da humildade!

Entre as mulheres sois vós
A Mãe das mães desvalidas,
Nossa porta de esperança,
E Anjo de nossas vidas!

Bendito o fruto imortal
Da vossa missão de luz,
Desde a paz da Manjedoura,
As dores, além da Cruz.

Assim seja para sempre,
Oh! Divina Soberana,
Refúgio dos que padecem
Nas dores da luta humana.

Ave Maria! Senhora
Do Amor que ampara e redime,
Ai do mundo se não fora
A vossa missão sublime!


Amaral Ornellas nasceu no Rio de Janeiro em 20 de outubro de 1885 e desencarnou em 5 de janeiro de 1923. Talento brilhante, deixou dois volumes de Poesia, consagrados pela crítica coeva, além de copiosa literatura teatral e doutri­nária. O poema acima faz parte do livro Parnaso de Além-Túmulo, obra  Francisco Cândido Xavier.


terça-feira, abril 23, 2013

Desencontros de amor





 Cornélio Pires

 
Você deseja noções,
Meu caro Luiz Heitor,
De como se veem no Além
Os desencontros de amor.

Vejo agora que você
Tocando nessa questão,
Anota como se deve
A Lei da Reencarnação.

Se o estudo sobre a Terra
Fosse a luz de toda gente
A vida de cada um
Surgiria diferente.

Muitos renascem no corpo
Para renúncia e serviço,
Mas depois, passada a infância,
Não querem nada com isso.

Principalmente em matéria
Do amor que salva e ilumina,
Quando se perde a cabeça,
Lá se vai a disciplina.

Se nos amássemos todos,
Segundo o amor de Jesus,
Tudo seria na Terra
Bondade, alegria e luz.

O amor, no entanto, entre os homens,
Tem força de correnteza
E o sexo lembra um rio
Que precisa de represa.

Se uma afeição de outras vidas
Vem, de novo, ao nosso olhar,
A condição em que esteja
É uma lei a respeitar.

Pode-se amar a pessoa
Em bases de estima e fé,
Como se guarda uma flor
Que não se arranca do pé.

Mas muita gente no teste,
Reencontrando um ser amado
Desgoverna-se de todo,
E deixa o dever de lado.

Se a criatura cai nisso,
Olvida o senso comum,
Menospreza o compromisso,
Não aceita aviso algum.

Abandonado o programa
Que se trouxe ao renascer
Os males que surgirão
Ninguém consegue prever.

É muito amigo da vida
Procurando o próprio azar,
Há muito drama no mundo
Que precisamos lembrar:

Maricota matou João
E deu-se ao Natividade,
Mas João hoje é filho dela
Sem justa necessidade.

Carolino suicidou-se
Largado por Florisbela,
Que não pode ser de Antônio
Por ver o morto atrás dela.

Antero morreu por Joana
Pois Joana deu-se ao Benfica,
Antero voltou aos dois
É o filho que os crucifica.

Quitéria arrasou Belinha
Para dar-se ao Gil Cascudo,
A vitima renasceu.
É a filha que a fere em tudo.

Cervino acabou com Cláudio
Conquistando Dona Elisa,
Mas o morto regressou...
É o filho que os escraviza.

O triângulo afetivo
Que não se forma, a contento,
Termina sempre na vida
Em trio de sofrimento.

Se você gosta de alguém,
Mas já não está sozinho,
Cultive o amor dos irmãos,
Não complique seu caminho.

Você faça o que quiser,
Liberdade é cousa santa,
Mas não se esqueça, meu caro:
Cada qual colhe o que planta.

Se você apenas luta
Por desejo e tentação,
Separação não se entende,
Divórcio não tem razão.

Cumpra o dever que abraçou
Alegre, forte, sereno,
O sexo com remorso
É melado com veneno.

Recorde o antigo provérbio
De valor singelo e raro:
“Quem a paca cara compra,
pagará a paca caro.”

 

Do cap. 10 do livro Retratos da Vida, do Espírito de Cornélio Pires, obra Francisco Cândido Xavier.