Quase no final do dia, após as tarefas realizadas, sentado na varanda de sua casa, Joel, garoto de doze anos, conversava com a mãe.
Atravessando uma idade difícil, tudo lhe era problema, irritação, revolta.
A mãe, com paciência, explicava-lhe que, na existência, tudo tem uma razão de ser. Que Deus, Criador do Universo e Pai de todos, sabia exatamente o que cada um de seus filhos precisava para aprender e melhorar.
— Pensa realmente assim, Joel? Meu filho, nós não sabemos os laços que unem este senhor ao rapaz com a mochila que, imagino, tenha ido estudar.
— Ah, mãe! Ninguém merece um peso desses, não acha?
A senhora trocou um olhar com o filho e considerou:
— E se fôssemos nós, seu pai ou eu, que ficássemos doentes, incapacitados de andar, você pensaria do mesmo jeito?
Joel ficou calado, depois disse que não saberia o que fazer. A mãe, com tristeza, explicou:
— Para julgar, meu filho, é necessário conhecer a história das pessoas. Pense nisso! Vou preparar o nosso lanche.
Pensativo, Joel resolveu atravessar a rua e falar com o cadeirante. Assim, chegando perto dele, cumprimentou-o. O senhor sorriu, satisfeito:
— Ah, meu jovem! Que bom ter vindo conversar comigo! Meu filho foi estudar e eu fico aqui nesta praça, variando de lugar para não me cansar. Porém, sempre aparecem pessoas gentis para falar comigo. Eu sou João. E você?
— Sou Joel e moro aqui em frente. Mas, por que você vem ficar sozinho aqui durante horas? Não seria melhor ficar em sua casa?
O senhor sorriu e explicou:
— Joel, é que Geraldo, meu filho, volta tarde da escola e o trajeto é perigoso; muitas vezes acontecem assaltos! Então, eu o acompanho para que ele não corra perigo. E sou sempre abençoado, pois, como eu disse, sempre aparecem pessoas gentis como você, para conversar comigo, tornando o tempo mais agradável e menos longo.
Joel viu que tinha feito juízo precipitado. Mais simpático, ele perguntou o que tinha acontecido para estar numa cadeira de rodas, e o homem respondeu:
— Eu era pedreiro e trabalhava num prédio, quando caí do segundo andar. Era para ter morrido, foi difícil, mas consegui viver. Após muitos meses, a única opção era a cadeira de rodas, que aceitei contente!
— João, mas não tem jeito de andar de muletas, pelo menos? — indagou Joel.
— Joel, disse o médico que eu poderia ter ficado o tempo todo numa cama, sem poder me levantar, mas que Deus havia sido muito bom comigo. Então, entendi que isso tinha um preço: que eu deveria levar consolo e esperança para as pessoas. Assim, é o que eu faço, aqui nesta cadeira de rodas que me leva para todo lugar! Não é ótimo?!...
— Pensando assim... Acho que é.
João deu uma gargalhada ao notar a expressão de piedade do rapazinho:
— Joel, acredite, meu amigo. Estou muito melhor agora do que antes! Eu era terrível! Brigava com todo mundo, criticava, respondia mal, sempre descontente da vida. Até que o Senhor me mostrou que a felicidade somos nós que criamos com nossas atitudes! Hoje, tudo está bom para mim; nada tenho a reclamar.
— Seja bem-vindo à nossa casa, senhor!
Apertando a mão dela, João sorriu agradecendo a gentileza, ao que a senhora respondeu que, embora simples, a casa estava sempre aberta para os amigos.
O pai de Joel havia chegado, cumprimentou João e sentaram-se à mesa. Joel, naquele dia, para surpresa dos pais, fez questão de fazer a prece:
— Senhor Jesus, agradeço as bênçãos deste dia, especialmente a presença do meu amigo João, que hoje me ensinou muitas coisas importantes. Que eu possa aproveitar, de hoje em diante, tudo de bom que conversamos, tornando-me uma pessoa melhor, mais sensível ao sofrimento das pessoas e mais feliz. Obrigado, Senhor!
Todos se emocionaram com a prece de Joel, notando as mudanças que se operaram nele naquele dia abençoado, pela presença de João.
Desse dia em diante, João muitas vezes ficava aguardando o filho Geraldo na casa de Joel. Convidado a fazer isso todos os dias, ele agradeceu, mas afirmou:
— Não posso! Preciso ajudar outras pessoas!
MEIMEI
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 20/07/2015.)
Fonte: O Consolador
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sábado, agosto 29, 2015
João, o cadeirante
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