Maria Aparecida Santiago Leite (minha irmã) |
Eu ainda era um menino de canelas finas, calças curtas e muitos medos,quando naquela noite de segunda feira, época em que ainda se fazia frio, entrei de braços dados com minha irmã. Lembro me profundamente das escadas que para mim eram tão grandes, mal sabia eu que estava subindo para uma nova vida e mais tarde aquelas escadas se tornaram tão normais. Era um casario simples, sem adornos, uma construção comum alicerçada sobre um terreno de pedras, até mesmo para honrar o nome de nossa cidade. Era uma Casa Espírita, confesso que aquela altura não poderia especificar direito o que significava, mas fui. Quanto tempo durou eu não sei, se foi muito, pouco ou bastante, só sei que foi a primeira vez que pisei num ambiente que para mim é mais que sagrado, um ambiente de auto conhecimento e iluminação interior, onde aprendemos que a caridade é maior virtude agradável a Deus que espera que façamos aos outros assim como ele nos faz.
Dali minha irmã me levou para um parque que havia se instalado em nossa cidade, sempre gostei de parques e circos! Nem sei em quantos brinquedos fui, só lembro de voltar para a casa com as mãos cheias de brindes. Me lembro de algumas frases dela me pedindo que acompanhesse papai à Casa Espírita a partir daquele dia. Ela voltou a capital fluminense onde residia.
Manoel Fernandes Leite (meu pai) |
Pouco tempo depois, exatos 18 dias lá estava de volta minha irmã, ou melhor o corpo dela, pois o espírito sobrevive a morte do corpo. Uma vida física de 29 anos extinta pelo diabetes. Meu pai, nosso pai...era a imagem da conformação, muito embora a dor. Que crença seria essa que fortaleceria um pai manter o semblante da tranquilidade ao sepultar o corpo de uma filha tão jovem? Que fé seria essa capaz de formar um homem extremamente generoso e altruísta para com todos? Se "as palavras comovem, mas só os exemplos arrastam"...lá ia eu arrastado pela sobriedade de caráter de velho pai, meu herói!
O Espiritismo passou a fazer parte de minha vida em cada detalhe, em cada lágrima, em cada sorriso, eu havia me encontrado! Se não fosse o Espiritismo que seria de mim ante os golpes das perdas? Entendo que cada pessoa se encontra onde está guardado seu tesouro e o meu tesouro já estava guardado no Consolador Prometido. A Doutrina Espírita cultivando os preceitos do Cristianismo me fez naquele 11 de Abril de 1988 passar pela minha "estrada de Damasco" e me fazer cegar para que depois pudesse abrir os olhos e ver a verdadeira claridade.
Minha profunda gratidão a Deus, aos benfeitores amigos, a minha irmã que me abriu as portas para um novo caminho, a meus pais que me ajudaram e continuam ajudando a me manter firme no mesmo propósito de me esforçar o máximo para ser um espírita que lute contra suas imperfeições que não são poucas.
Salve o dia 11 de Abril de 1988!
Jefferson Leite
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