quinta-feira, janeiro 09, 2014

O Céu e o Inferno

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Londrina, Paraná (Brasil)

Allan Kardec

(Parte 13)






Continuamos o estudo metódico do livro “O Céu e o Inferno, ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, cuja primeira edição foi publicada em 1º de agosto de 1865. A obra integra o chamado Pentateuco Kardequiano. As respostas às questões sugeridas para debate encontram-se no final do texto abaixo.

Questões para debate
A. Um fato bastante curioso se dá com as pessoas que enfrentam o transe da morte. Que fato é esse?

B. Qual é a causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento do Espírito desencarnante?

C. Como é a desencarnação do indivíduo muito apegado à vida material?

D. Qual é o estado do Espírito logo após a morte corporal?

Texto para leitura
114. A perturbação pode ser considerada o estado normal da alma no instante da morte, mas o último alento quase nunca é doloroso. A alma sofre, antes dele, a desagregação da matéria, nos estertores da agonia e, depois, as angústias da perturbação. Esse estado, contudo, não é geral, porque a intensidade e a duração do sofrimento estão na razão direta da afinidade existente entre o corpo e o perispírito. Assim, quanto maior for essa afinidade, tanto mais penosos e prolongados serão os esforços da alma para desprender-se. (Segunda Parte, cap. I, item 7.)

115. Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se apega a ela e, assim, sente que lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros. (Segunda Parte, cap. I, item 10.)

116. Diversa é a situação do Espírito desmaterializado, mesmo nas enfermidades mais cruéis. Sendo frágeis os laços fluídicos que o prendem ao corpo, eles se rompem suavemente; a confiança no futuro fá-lo encarar a morte como redenção, advindo-lhe daí uma calma resignada que lhe ameniza o sofrimento. Após a morte, rotos os laços, nem uma só reação dolorosa o afeta; seu despertar é rápido, desembaraçado; suas sensações únicas: o alívio, a alegria! (Segunda Parte, cap. I, item 11.)

117. Na morte violenta as sensações são diferentes. Nenhuma desagregação inicial há começado a separação do perispírito; a vida orgânica em plena exuberância de forças é aniquilada subitamente. O desprendimento só começa depois da morte, e não se completa rapidamente. Apanhado de improviso, o Espírito fica como que aturdido e pensa, sente, acredita-se vivo, prolongando-se esta ilusão até que compreenda o seu estado. Ocorre então um fato singular em que o Espírito julga material o seu corpo fluídico e experimenta ao mesmo tempo todas as sensações da vida orgânica. (Segunda Parte, cap. I, item 12.)

118. Há, dentro desse caso, uma série infinita de modalidades que variam segundo os conhecimentos e os progressos morais do Espírito. Para aqueles cuja alma está purificada, a situação pouco dura, porque já possuem em si como que um desprendimento antecipado, cujo termo a morte mais súbita não faz senão apressar. Outros há para os quais a situação se prolonga por anos inteiros. No suicida, principalmente, excede a toda a expectativa, porquanto, preso ao corpo por todas as suas fibras, o perispírito faz repercutir na alma todas as sensações daquele, com sofrimentos cruciantes. (Segunda Parte, cap. I, item 12.)

119. O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito. A presteza desse desprendimento está na razão do adiantamento moral do Espírito. Para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é como um sono ligeiro, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (Segunda Parte, cap. I, item 13.)

Respostas às questões propostas
A. Um fato bastante curioso se dá com as pessoas que enfrentam o transe da morte. Que fato é esse?

O fenômeno que ocorre na transição da vida corporal para a espiritual é a perturbação. Nesse instante a alma experimenta um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades, neutralizando, ao menos em parte, as sensações, de modo que a alma quase nunca testemunha conscientemente o derradeiro suspiro. Dizemos quase nunca, porque há casos em que a alma pode contemplar conscientemente o desprendimento. A perturbação pode, pois, ser considerada o estado normal no instante da morte e perdurar por tempo indeterminado, variando de algumas horas a alguns anos, conforme o grau evolutivo do Espírito. (O Céu e o Inferno, Segunda Parte, cap. I, item 6.)

B. Qual é a causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento do Espírito desencarnante?

A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais. Ao contrário, nas almas puras, que antecipadamente se identificam com a vida espiritual, o apego é quase nulo. No homem materializado e sensual, que mais viveu do corpo que do Espírito, e para o qual a vida espiritual nada significa, nem sequer lhe toca o pensamento, tudo contribui para estreitar os laços materiais, e, quando a morte se aproxima, o desprendimento, conquanto se opere gradualmente também, demanda contínuos esforços. As convulsões da agonia são indícios da luta do Espírito, que às vezes procura romper os elos resistentes, e outras se agarra ao corpo do qual uma força irresistível o arrebata com violência, molécula por molécula. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, itens 8 e 9.)

C. Como é a desencarnação do indivíduo muito apegado à vida material?

Quanto menos vê o Espírito além da vida corporal, tanto mais se lhe apega, e, assim, sente que ela lhe foge e quer retê-la; em vez de se abandonar ao movimento que o empolga, resiste com todas as forças e pode mesmo prolongar a luta por dias, semanas e meses inteiros. Nesse momento o Espírito não possui toda a lucidez, visto como a perturbação de muito se antecipou à morte; mas nem por isso sofre menos, e o vácuo em que se acha, e a incerteza do que lhe sucederá, agravam-lhe as angústias. Dá-se por fim a morte, e nem por isso está tudo terminado; a perturbação continua, ele sente que vive, mas não define se material, se espiritualmente, luta, e luta ainda, até que as últimas ligações do perispírito se tenham de todo rompido. A morte pôs termo à moléstia efetiva, porém, não lhe sustou as consequências, e, enquanto existirem pontos de contacto do perispírito com o corpo, o Espírito ressente-se e sofre com as suas impressões. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 10.)

D. Qual é o estado do Espírito logo após a morte corporal?

O estado do Espírito por ocasião da morte pode ser assim resumido: Tanto maior é o sofrimento, quanto mais lento for o desprendimento do perispírito; a presteza deste desprendimento está na razão direta do adiantamento moral do Espírito; para o Espírito desmaterializado, de consciência pura, a morte é qual um sono breve, isento de agonia, e cujo despertar é suavíssimo. (Obra citada, Segunda Parte, cap. I, item 13.)

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