segunda-feira, novembro 18, 2013

O filho do coração





Bentinho estava andando pelo bairro quando, ao passar por uma pracinha, viu um garoto dormindo, escondido no meio de algumas folhagens, debaixo de uma árvore. 

Curioso, Bentinho aproximou-se e ficou olhando o menino que dormia.
O garoto acordou, espreguiçou-se e olhou em volta. Ao ver o outro menino que o observava, disse com cara de bravo:
— Se também quer dormir, tem outros lugares aqui mesmo. É só procurar!
Bentinho sorriu e explicou:
 
— Não preciso de um lugar para dormir. Tenho minha casa!

Todos ficaram tocados ao ouvir aquelas palavras, e Bentinho correu até o quarto e voltou com seu cofrinho nas mãos:
— Se o problema é dinheiro, eu tenho, mamãe! Meu cofrinho está cheio!...
Ao ver a determinação do garoto, os pais trocaram um olhar emocionado, e acabaram por concordar:
— Está bem, Bentinho. Você acaba de ganhar um novo irmão! Depois resolveremos a situação de Joãozinho com as autoridades! Mas a partir de agora, ele é nosso filho!
Abrindo os braços, a mãe abraçou o menino com amor. O pai envolveu-os no mesmo abraço e Bentinho aproximou-se, estendendo os braços e fazendo parte do grupo.
Estavam  felizes.  O amor  vencera.  Agora  a
família tinha um novo membro. Joãozinho chorava de alegria por ter novos pais, e eles lhe explicaram:
(Página psicografada por Célia Xavier Camargo, de Rolândia-PR.)

— Ah!... — exclamou o menino — Bom pra você. E tem uma família também?
— Tenho, sim. E meus pais me amam muito!
 O outro ficou com os olhinhos cheios d´água e, baixando a cabeça, murmurou:
— Infelizmente, eu não tenho ninguém. Sou sozinho no mundo.
— Mas todas as pessoas têm uma família! Onde está a sua? — Bentinho quis saber.
Então, João, esse era o nome do menino, explicou, sentando-se:
— Lembro vagamente da mãe e do pai. Acordei um dia e vi que estava sozinho em casa. Procurei na vizinhança, mas não os encontrei. Chorei bastante. Procurei meus pais por todo lado, mas ninguém os tinha visto. Então, com fome, comecei a pedir.
Bentinho estava com muita pena de João, que continuou contando:
— Depois de alguns dias, não me deixaram mais entrar na casa. Havia outras pessoas morando lá. Assim, me acostumei a viver na rua. Fiz amigos, que dividem comigo a comida que conseguem ganhar. E durmo aqui nesta praça, como você pode ver.
— João, gostaria de ter uma casa?
— Claro! Quem não gostaria? — respondeu o menino com os olhos brilhando.
— Então, venha comigo!
Decidido, Bentinho levou o novo amigo para sua casa. Era hora do almoço. Ao vê-lo chegar com um menino esfarrapado, o pai perguntou:
-— Quem é seu novo amigo, meu filho?
— Ele chama-se João e eu o encontrei na rua, papai. Ele não tem família. O que acham de dar-me um novo irmão?
Os pais trocaram um olhar espantado, e o pai explicou:
— Bentinho, não é tão fácil assim como você pensa, filho. João deve ter uma família!
— Não tem. Ele mora sozinho nas ruas!
— Mesmo assim, filho — considerou a mãe. — É preciso consultar as autoridades, os órgãos de amparo à criança. Não podemos apenas trazê-lo para morar conosco!...
— Então, vamos falar com quem possa resolver o problema do meu amigo! — resolveu o menino.
O pai, que ouvia muito sério, considerou:
— Bentinho, além desses problemas, temos outros, meu filho: vamos precisar de mais um quarto, uma cama, roupas... Além de matriculá-lo na escola e muito mais!... Tudo isso precisa de dinheiro, que não temos.
Bentinho, porém, estava irredutível:
— Isso é fácil de resolver, papai. Eu divido o quarto com o João e darei minha cama para ele; não me importo de dormir no chão. Tenho muitas roupas e calçados que dividirei com ele, pois somos do mesmo tamanho; quanto à escola, ele irá comigo! Garanto-lhe, papai, que ele não dará trabalho algum!
O pai olhou para João e perguntou sobre a família dele. João contou exatamente o que tinha dito a Bentinho. Depois, humilde, disse:
— Se me aceitarem, não precisam se preocupar comigo. Sempre encontro comida, os amigos da rua me ajudam. Também não preciso de roupas, já tenho estas que me servem. E cama, há tanto tempo não tenho uma, que nem sinto falta. Então, não preciso de dinheiro. A única coisa que sonho, de verdade, é ter novamente uma família. Só isso! 
— João, a partir de hoje, você é nosso filho do coração. No entanto, se algum dia, você reencontrar sua família verdadeira e quiser voltar para ela, nós vamos entender. Não deixaremos de amá-lo, porém podemos reparti-lo com sua família biológica. Entendeu?
João correu para seus novos pais balançando a cabeça para mostrar que tinha compreendido e, com os olhos cheios de lágrimas, enlaçou-os com muito amor.                                                       

  
MEIMEI

(Página psicografada por Célia Xavier Camargo, de Rolândia-PR.)


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