Ao relembrarmos da psiquê do Cristo, costumeiramente encontramos resquícios de ceticismo, ou então arestas não lapidadas de fanatismo. Ao longo dos séculos fomos submersos nas idéias torpes que muito nos fizeram estagnar a respeito da personalidade crística.
Sabemos que no dia 25 de Dezembro se comemora, por uma questão talvez de conveniência, a data magna da cristandade . A comemoração surgiu no Oriente em Constantinopla (Hoje Istambul, Turquia), no ano de 325. Até 350 anos após o nascimento de Jesus, os romanos comemoravam no dia 25 de Dezembro, o grande culto ao Sol Invictus, o protetor da população,este era o dia mais importante do Império Romano. O Papa Júlio I intensificou essa data e assim começavam os cristãos a comemorá-la. No tocante aos cânticos, a quase 800 anos , Francisco de Assis organizou-os, abrindo um amplo contexto da cultura natalina. Depois desses sublimes concertos, vale ressaltar que alguns astrólogos defendem a teoria de que Jesus houvera nascido no mês de Fevereiro.
Como nos referimos acima, muitos pontos ainda se acham obscurecidos por uma série de questões que tramitam nas mentes de muitas pessoas, desta feita, iniciamos o terceiro milênio, no dia primeiro de Janeiro de 2001 ainda com muitas dúvidas. Nesta data muitos segmentos aguardaram ansiosos a vinda do Raboni. Alguns aguardavam catástrofes terríveis, capazes de paralisar as megalópoles de todo o mundo e assim atingir o seu ápice ao ser exterminada a raça humana, entretanto esses nossos irmãos se esqueceram que a chegada do terceiro milênio não foi coincidente em todos os calendários humanos, e que mártires de todos os tempos nunca fizeram referências ao terceiro milênio como fim, e sim como começo de uma nova etapa de vida, onde as criaturas hão de reconhecer sua filiação divina e buscarem o convergimento para o bem. Parece-nos distante tal cura, mas esta já se iniciou nos corações humanos, ela é lenta, todavia precisa e tem como timoneiro Jesus de Nazaré.
Outro aspecto muito importante que ainda causa distância psicológica entre ELE e NÓS, é a FAMÍLIA. Alguns defendem a teoria de que Jesus não tinha família, outros porém afirmam que o Mestre possuía entes e João (cap. 7, v 5) afirma que nem os irmãos criam em Jesus, já em Mateus (cap. 13, v 55 e 56), vemos citação dos nomes dos mesmos. A missão messiânica de Jesus, segundo ele mesmo incorpora como causa primeira o AMOR, e como efeito imediato a CONVIVÊNCIA. Assim sendo é inaceitável a mesma criatura que compreendeu e acudiu os aflitos, rejeitar os consanguíneos seus. Junto ao madeiro, quando a agonia fisiológica se fazia presente, o Sol da Justiça incumbiu João de cuidar de Maria e a mesma da função de proteger o jovem discípulo, se observa uma aparente contestação no caráter psicológico do Príncipe da Luz. No livro de Mateus (cap. 12, v 46 a 50), ele teria dito que sua mãe e seus irmãos seriam aqueles que o seguiam. Como vemos, o mais antigo dos Evangelhos, o de Marcos foi escrito mais de cinquenta anos depois do desenlace do Cristo.Ainda podemos acrescentar que os quatro evangelhos foram traduzidos do hebraico e voltados para o grego por Jerônimo, no século IV. Segundo a Sociedade Bíblica Unida, em 1997, eles já haviam sido repassados para 2167 idiomas,assim sendo, dificilmente a ideia central foi mantida e por isso podemos dizer que muitas vezes a conotação que se deu, e ainda hoje se dá, é a de um Jesus distante e algumas vezes complexo, quando na realidade o Senhor do Calvário foi e sempre será um exemplo de vida e hábitos simples.
Ainda outro ponto não entendido no tocante a Jesus tem sido o do pseudo sofrimento, e assim também foi com Siddartha Gautama que nasceu no século VI a. C, no sopé do Himalaia ( hoje atual território do Nepal), sua descendência era da reis, assim pois, quando contava dezesseis anos consorciou-se com uma prima, e pouco depois fez-se nascer o seu unigênito.Quando se avizinhavam os trinta anos, ele começou a fazer excursões além das muralhas palacianas, em dado momento, num de seus passeios, encontrou um homem por demais idoso e cansado, desta forma ao regressar à casa, comunica ao pai que a partir de então iria dar novo enfoque a sua vida, e assim se tornou viandante ascético, vivendo nesta seita durante seis anos, praticando jejum e penitências mortificadoras. Segundo reza a lenda, nesse período o iluminado só se alimentava com um grão de arroz por dia. Ao chegar ao término desse período ele observou que se achava esquelético, no findar de suas forças físicas, e mesmo assim ainda se achava atormentado pelos gozos desesperados da Terra. Assim foi que aos trinta e cinco anos, à sombra da árvore Bodhi ele fez a incursão, a viagem para o hemisfério interior , e dessa feita, aos oitenta anos sucumbiu a carcaça fisiológica.
Ao contrário do que muitos dizem, Jesus não aconselhou aos homens o sofrimento físico. Em momento algum o Avatar Crístico recomendou as visagens externas para fugir dos problemas, por outro lado ele nunca prometeu a imutabilidade do corpo, pois que a debilidade orgânica e o desgaste energético fazem parte da caminhada humana, até mesmo pela conjuntura do planeta. No sermão do monte, Ioshua fala ao coração da gente humilde que jazia ante as provações da vida, ele exalta os corações humanísticos que se dedicavam a servir. Foi naquela tarde primaveril que ao som singelo do balanço das árvores, que se organizavam qual melodia composta por incomum musicista , onde a aragem sublime do AMOR passeava entre as criaturas perdidas, fazendo-as compreender o verdadeiro sentido da vida. Nesse cenário incomum ele, o Mestre, unindo-se às energias dispersas que tramitavam na psicosfera terrestre, proferiu o divino sermão. Nesse, Jesus não prometia glórias e galardões do mundo; não alimentava expectativas meramente materialistas; não apresentava fórmulas ou formas para se tornar rico, próspero ou coisa parecida. Não cria o Senhor que as criaturas fossem incorporar a seu modus vivendi o sofrimento nefasto e agonizante. Desejou ele apenas que não nos tornássemos tão insensíveis ao sofrimento humano; que não nos fizéssemos tão cegos e aturdidos no tocante a ganância.
A proposta do Divino Amigo é a da consolação, nunca da acomodação, nem tampouco da irritação. O verdadeiro cristão aceita o contributo da ampla dialética científica; desfaz-se dos dogmas pouco inteligíveis; não busca os ufanismos da vida; enfrenta a labuta da cada dia, com a certeza de que cada momento encoraja e auxilia. O verdadeiro cristão dá graças pela vida, mas nunca com demagógica pseudo alegria; não se frustra ante os golpes do caminho, tampouco esmorece; não se faz reclamoso contínuo, nem foge o próprio progresso. O verdadeiro cristão é forte, não se esquiva de servir e carrega consigo a bandeira da fé.
Enquanto é hoje, ainda nos mouros caminhos pelos quais passamos, ou na trilha seca onde companheiros são pedras debalde espalhadas, cantemos o AMOR, visto que somente assim no aproximamos cada vez mais desse avatar que é Jesus. Sigamos os seus passos doces e cultivemos o sentimento ímpar da luz. Comecemos a nos amparar uns aos outros, unindo ação à oração, para que realmente imitemos o modelo e guia da humanidade.
Quando a treva da dor nos envolver o pensamento, lembremo-nos dele, de suas mãos espalhando vibrações sensíveis de ternura que se erguiam em direção aos enfermos; possamos repartir o pão conforme nos foi ensinado; busquemos oferecer o perdão, enfim pensemos: Como Jesus agiria no meu lugar? Como Jesus deseja que eu aja com meu próximo?
Compreender a claridade crística é algo de suma facilidade, entretanto ao longo do tempo, complicamos nossa convivência com a esfera psíquica que envolve o Mestre. Evitemos complexar as parábolas ou achar duplos sentidos para seus conselhos. Apenas amemos a proposta do Cristo em cada irmão do caminho e aceitemos seu convite para a luz recitando sempre: " Bem aventurados os que são pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus".
Jefferson Leite
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