terça-feira, setembro 03, 2013

Jesus sofredor



Jo. 19, 17-27


O homem de ontem e muito mais o de hoje, reclama e se julga sofredor. Na Índia falamos Pathos (sofrimento), sendo ele "o ato ou efeito de sofrer; dor física ou moral; padecimento; amargura; paciência; resignação. Das descrições (sinônimos) de sofrimento o que mais se adéqua ao do Cristo é a dor moral. Devido a vir da psiquê que inflama a alma e obscurece o pensamento. Obviamente a dor física era inevitável, em um madeiro de aproximados sessenta quilos nos ombros, com uma coroa de espinhos gerando tétano, uma bofetada no rosto que lhe cortara em lanhos as costas e com uma lança que lhe perfurara o lado fazendo ferimento visível, era normal que isso lhe rendesse o sofrimento morfológico e desta forma ainda não conseguimos conceituar todos os sinais da dor física de Nosso Senhor.

Sua dor moral teve início no lado oposto do ribeiro Cédron (Getsêmani) e se efetivou no Gólgota, onde os judeus o condenaram a cruz . Naquela trágica cena dantesca, sua dor era notável e compreensível quando os soldados quebraram as pernas dos homens que o ladeavam na cruz. Ao lançar os olhos para baixo, o Mestre não viu aqueles que ele houvera curado. Onde estava o menino que ele assentou no colo? Onde estava a mulher hemorrágica? Por onde andariam os cegos de Jericó? Onde se achavam os enfermos da Galileia? O povo havia recuado e recusado Jesus, estavam acovardados na tão batida hipocrisia que ainda hoje nos faz ver as regiões abissais, pelas quais muitas vezes enveredamos na vida.

Para que possamos atentar melhor para a dor do Cristo, basta nos colocarmos na posição de vítimas daqueles que tanto amamos e ajudamos e vermos que um olhar repreensivo ou julgador fere mais que as pontiagudas lanças dos primários exércitos humanos. Um sinal de franzir  a testa pode ser a porta aberta para a decepção ou para a dorsalgia  irreparável que nos há de acompanhar na senda da caminhada humana.
Quando o povo preteriu Jesus, solicitando liberdade a Barrabás cumpriu-se nossa senda de não reconhecimento e da consequente falta de gratidão. Em suma ou em resumo, é preciso burilar no pensamento as hora malsinadas que o Raboni enfrentou a vida inteira, a perseguição gratuita abriu uma nova perspectiva avançadora no progresso. Esses momentos trazem o desconforto e a inquietação. Não fosse Jesus sabedor de sua nobre hierarquia espiritual e do não menos nobre compromisso  de nos estimular , não suportaria o amargor que a dor moral trazia sobre o psiquismo. Por esse motivo é que tantos ainda se paralisam ociosos na via pública da redenção coletiva, por isso é que inúmeros se fecham depois de serem chicoteados por algozes que não trazem em suas mãos baionetas ou objetos cortantes, mas olhares, pensamentos e falas macabras que tão nocivamente influenciam a vida nesse orbe terreno.
Evitemos ser motivo de início da dor moral de outros, fazendo tanto quanto for possível o notável esforço (sacrifício) para sermos lenitivo nos orifícios morais de quem conosco caminha nesta estrada sublimada do SER.

Jefferson Leite 

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