segunda-feira, julho 22, 2013

Vencendo o ciúme



Estela era médica e, muitas vezes, em virtude do seu trabalho ela era requisitada para prestar serviços em outras cidades, orientando e fazendo palestras, o que gerava grande dificuldade para a família, pois a filha de oito anos, Carminha, era muito ciumenta.   
Sempre que precisava viajar, Estela enfrentava crises em seu lar: a filha chorava, gritava e esperneava, suplicando à mãe que não fosse viajar.
Certamente, tendo assumido compromissos, Estela não poderia faltar, sendo obrigada a deixar o lar com o coração amargurado, cheia de compaixão pela filha.   
 
Certo dia, ao anoitecer, Carminha observava o céu da varanda da sua casa em companhia da mãe. A noite sem lua permitia ver melhor as estrelas que brilhavam no firmamento.
Olhando os pontos luminosos que cintilavam no alto, Carminha observou que alguns eram mais visíveis e brilhantes, outros menos e havia outros ainda que quase não se viam. Então, ela perguntou para a
mãe:
— Mamãe, por que as estrelas são tão diferentes? Veja! Umas brilham bastante e outras quase a gente não vê, de tão apagadas. Deus as criou diferentes?
A mãezinha fitou o infinito e explicou:
— Carminha, nosso Pai Maior, que criou tudo o que existe, o fez através de leis sábias e justas. A diferença entre os infinitos astros que estão no firmamento é porque há grande diversidade de corpos celestes no Universo, como as estrelas, os planetas, que pelo tamanho e pela distância que estão de nós parecem menores ou maiores... Vamos tomar por base o nosso planeta Terra: fazemos parte do sistema solar. Giramos em torno do Sol, que nos dá vida e calor. 
A menina, que estava surpresa, lembrou:
— Ah! Minha professora explicou que a Terra faz parte da família de planetas que giram em torno do Sol.
— Isso mesmo, minha filha. Não teríamos condição de existência aqui na Terra, se não tivéssemos o calor do Sol para nos aquecer.
A menina pensou um pouco e considerou:
— Mas no inverno eu sinto muito frio e não gosto! Por que o Sol não nos esquenta?
A mãe pensou um pouco, procurando a melhor maneira de explicar, ao tempo que tentava enfocar o ciúme de Carminha:
— Filha, quando estamos próximas uma da outra sentimos mais de perto o amor que existe entre nós, não é? Quando estamos longe, deixamos de nos amar?
— Não, mamãe. Eu sinto sua falta, mas sempre continuo amando você.
A mãe sorriu diante das palavras da filha, e prosseguiu:
— Exatamente, Carminha. Com o Sol acontece a mesma coisa. Ele pode estar mais distante de nós, realizando seu trajeto, isto é, sua órbita. No entanto, continua a nos mandar seu calor, mesmo a uma distância maior, só que o calor chega mais fraco. Entendeu?
Carminha, que em virtude dos seus ciúmes vivia aflita e atormentada, julgando que não era amada como deveria pelos pais, ouviu a mãe e entendeu.
Ficou calada por alguns instantes, pensando. Depois, olhou para o céu, olhou para a mãe, e disse:
— Mamãe, não se preocupe mais comigo. Quando você precisar viajar, eu vou entender e aceitar. Compreendo agora que o fato de estar longe de mim não significa que me ame menos.
 
A mãezinha abraçou a filha e completou:
— Isso mesmo, Carminha. Além disso, podemos sempre estar juntas através do pensamento, não é? Como Deus, nosso Pai, que está em todos os lugares e cujo amor por nós podemos sentir a todo instante, mesmo sem vê-Lo. 
— É verdade, mamãe. Mas também podemos conversar pelo telefone e matar as saudades!
— Tem razão, filha — concordou a mãe, sorrindo.
Depois, a mãe abriu os braços aconchegando a pequena ao peito, certa de que não teria mais problemas com a filha quando precisasse viajar a serviço. 
MEIMEI

(Recebida por Célia X. de Camargo, em 27/05/2013.)

Fonte: Revista Semanal O Consolador
                                                    

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