Um dos pontos de maior conflito da pessoa humana aparece quando da descoberta dos próprios talentos. Invariavelmente todos nós somos detentores de talentos variados, sendo que a grande maioria deles se acha embutido no subconsciente da personalidade. Partindo da premissa de que o ser estagiou em diversos ambientes e em várias plagas desse imenso universo, em boa parte esses talentos apareceram em cada etapa da existência.
Quando nos referimos nos conflitos, eles aprecem quando a pessoa não consegue valorizar seus próprios talentos, sempre almejando aqueles que outrem possui. Na realidade quase nunca o ser se acha satisfeito com o que lhe foi confiado, motivo pelo qual imagina-se que os talentos alheios são mais valorosos que os nossos. De outro extremo, temos pessoas que por excesso de amor próprio a seus talentos, julga possuir de tudo um pouco, nesse instante podemos recorrer ao velho dito popular: "Não se pode assobiar e chupar cana ao mesmo tempo".
A certeza de que todos somos oriundos de experiências diferentes, de vivências diferentes nos diz que ninguém poderá ser bom em tudo ao mesmo tempo. Para facilitar nosso contato com os talentos, é sempre útil recorrer ao autoconhecimento que Sócrates nos trouxe e que as vozes imortais a partir de 1857 fizeram questão de relembrar. A primeira vista quando se fala de talentos se pensa logo em vaidade, todavia a auto estima não significa exageros, mas sim a certeza da filiação divina e a convicção de que temos que ir desenvolvendo pouco a pouco nossas potencialidades, pois estamos aqui para isso.
É muito comum o mundo propor valorizar os talentos de acordo com a repercussão dos mesmos, ou ainda de acordo com padrões monetários, no entanto o que valoriza cada talento é o bom uso que fizermos do mesmo. Não terá mais valor um intelectual se ao invés de repartir os conhecimentos adquiridos, os trancar no criado mudo ou na estante onde grande número de obras servem para acúmulo de poeira; não cumprirá seu papel habilidoso estrategista se apenas se utilizar para "maquinar" o mal; aquele que perde oportunidades de executar seus talentos, os enterra na acomodação e por consequência acaba contraindo débitos perante a consciência cósmica universal. Vendo cozinheira que se dedica com zelo e amor a tarefa abraçada, observamos o exercício do talento a servir a quem tem fome; o auxiliar de serviços gerais que se aplica com fidelidade e respeito a sua tarefa cumpre seu papel utilizando devidamente seus talentos.
Em tudo vemos que como lecionou o apóstolo Paulo há diversidades de dons e esses é que fazem a vida mais equilibrada para nosso crescimento íntimo. Todas as tarefas são extremamente valiosas para manter a distribuição das funções que a vida nos confia. Não nos sintamos inferiores por não possuirmos esse ou aquele talento, pois em verdade o Pai da Vida nos concede sempre aquilo que melhor seja por nós utilizado, da mesma forma nunca nos permitamos envaidecer por julgar que os talentos que nos foram confiados são especiais, em verdade especiais serão as destinações que oferecermos a eles, servindo nossos semelhantes.
Que ao prestarmos conta desses talentos confiados, possamos deles ter feito luz para clarear os caminhos alheios, teto que reconforte os desamparados, mãos que sequem o pranto, palavra que esclareça, enfim que nossos talentos sejam as portas para nossa melhora moral afim de herdarmos uma nova terra, num novo tempo.
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