domingo, julho 07, 2013

Suicídio sem Dor?











A cegueira propiciada pelo materialismo, no momento da defecção da matéria, ora identificada como “energia condensada”, tem levado alguns teóricos das filosofias pessimistas a proporem o suicídio como solução para os dissabores, insucessos e sofrimentos defrontados.


Fórmula de efeitos contrários, apresenta-se simplista, como se fora constituída de elementos mágicos propiciadores para a equação final e definitiva de todos os acontecimentos da vida.


Sonho que se converte em pesadelo inominável, reaparece, na atualidade, sob emulações alucinadas, fascinando os desencorajados na luta e os fracos de resistências morais para os enfrentamentos inevitáveis.


Selecionam e propõem, esses investigadores da ilusão, quais as mais eficazes técnicas para o autocídio sem dor, induzindo as criaturas desnorteadas para o mergulho da consciência no grande sono, com o conseqüente aniquilamento do ser.


Tal comportamento, pelo insólito de que se reveste, demonstra a utopia em que foi transformada a vida e a ausência de finalidade a que foi reduzida.


Tomando o efeito pela causa, pensa-se em suprimir aquele sem alcançar esta, mais complicando a linha das conseqüências, por falta da cessação dos fatores que as desencadeiam.


Malabaristas do imediatismo, esses pensadores acreditam que a morte do corpo significa o fim da existência, desprezando, na sua rebeldia contumaz a ociosidade emocional contínua, todos os fatos probantes de que o ser real e primitivo é o Espírito, sendo o corpo a indumentária que o reveste temporariamente e de que se serve para um fim útil.


Se se detivessem a auscultar a Natureza, diminuindo o tresvario que se permitem, constatariam que o caos e o nada jamais fizeram parte do Cosmo, e que a ordem é a geratriz de todos os fenômenos, causa de todas as ocorrências.


Como efeito, nada ou pessoa alguma foge desse equilíbrio, sendo a fraude e a burla desconhecidas nos soberanos códigos da Criação.


Nada deve justificar o autocídio, porquanto a sucessão das ocorrências muda a cada instante o quadro em que se vive.


O que ora é desgraça, logo cede lugar à esperança; o que se apresenta como dissabor, de imediato se converte em bonança; o que se manifesta como desdita, a seguir se modifica para alegria; o que hoje é dor insuportável, amanhã é dor aceitável...


Passam as horas e alteram-se as circunstâncias, gerando novos acontecimentos que mudam a paisagem emocional, física, social, econômica e moral do homem.


Lutar por vencer as vicissitudes é inevitável, desde que a própria injunção biológica é uma constante faina, em que nascimento, morte, transformação e ressurgimento se dão por automatismos na maquinaria fisiológica, ensinando à consciência a técnica do esforço para a preservação da vida.


O pretenso suicida, que consumou a trágica fuga da responsabilidade, jamais se libera, como é natural, dos resultados nefários do seu gesto, sempre tresloucado, por ferir, na agressão furiosa, o mecanismo do instinto de conservação da vida, que governa a existência animal e o possui como fator para sua preservação.


Orgulhoso ou pusilânime, irresponsável ou vão, o suicida não se evade de si mesmo, da sua consciência; torna-se, aliás, o seu próprio algoz cujas penas o gesto lhe impõe e que resgatará em injunções mil vezes mais afligentes do que na forma em que ora se apresentam.


A burla que se permite, através de supostos meios indolores para sofrer a desencarnação, hiberna-o por algum tempo, em espírito, até o momento em que desperta mais vilipendiado e agônico, vivo, estuante de vitalidade, padecendo as camarteladas que a superlativa imprudência provocou.


É óbvio que ninguém ludibria a Consciência Cósmica, que se expressa na harmonia do Universo e vige, pulsante, na consciência humana individual.


Necessário que o homem assuma as responsabilidades da vida e instrua-se nas leis que lhe regem a existência, aprimorando-se e reunindo valores de que possa dispor nos momentos-desafio, a fim de superá-los e reorganizar-se para os futuros cometimentos até o instante em que se lhe encerre o ciclo biológico. Estará, então, liberado da matéria, mas mantido na vida...


Nas aparentes mortes em dor, provocadas pelos que desejam fugir ou esquecer, o sofrimento moral tem início quando se elabora o programa da evasão e jamais se pode prever quando terminará.


A consciência humana é indestrutível, portanto, o suicídio de qualquer espécie é arrematada loucura, um salto no desconhecido abismo da imprevisível desesperação.





Manoel P. de Miranda & Divaldo P. Franco
Livro: Temas da Vida e da Morte


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