quarta-feira, julho 10, 2013

Perda de familiares



Como se dizia antigamente: "a única certeza da vida é a morte". Apesar de todos sabermos que haveremos de deixar o corpo mais cedo ou mais tarde, a separação é sempre dolorosa para quem fica quanto para quem parte. Em alguns casos ocorre a revolta por parte de quem vê seus entes queridos partirem pelas portas do desencarne, aquela velha sensação de desamparo e até de injustiça por parte da Justiça Divina. Desde as eras mais remotas a morte tem papel importante, pois algumas sociedades como a egípicia cultuavam a morte e os restos mortais, o que se difere em muito das acusações que alguns tentam lançar sobre o Espiritismo, posto que a doutrina não cultua mortos, muito menos restos mortais, ela abre novos horizontes para a verdadeira vida como lecionou Francisco de Assis "é morrendo que nascemos para a vida eterna".
Todas as filosofias humanas nunca foram suficientes para explicar o vazio existencial que ocorre quando se perde uma pessoa amada para a morte. Eis que desses questionamentos a criatura avançou, pois em boa parte, passou a não mais acreditar num paraíso prometido aos eleitos e no fogo eterno reservado a outros. A crença de uma única existência à primeira vista já tomba os característicos de bondade do Criador, pois se assim o fosse não haveria sentido de se encontrar com o bem, não haveria valoração no progresso da criatura, não teria motivos para Jesus em diversos momentos lecionar de forma didática sobre o "nascer de novo".
Não se propõe anular o sentimento de saudade quando alguém próximo de nosso coração desencarna, em verdade o que a Boa Nova nos ensina é perceber que essa pessoa que amamos apenas fez uma viagem necessária para seu melhoramento e como somos imortais, haveremos de nos reencontrar, pois nossos sentimentos estão entrelaçados. Em inúmeros casos, a revolta pode interferir na tranquilidade do desencarnado que suplica aos céus por nosso bem. Na hora da partida podemos chorar sim, pois o choro é extravasar as emoções contidas, podemos sim sentir e devemos, contudo não podemos esquecer que essa pessoa que amamos talvez agora precise mais de nós do que antes. Precisa de nossas vibrações de carinho, precisa de nossas preces endereçadas ao alto, pois temos o papel de interseção através da oração sentida e comovida.

Tenho observado em muitos casos, dois tipos de desencarne que chocam muito. O primeiro se dá quando um casal depois de longos anos juntos, se separa momentaneamente,o segundo quando os filhos partem antes de seus pais. Quando acontece o primeiro é comum a pessoa viúva não desejar sair da casa onde moravam. Nesse momento os filhos precisam desdobrar-se em cuidado e paciência, pois além da saudade fica a dependência que um possuía do outro pelos longos anos em contato. Apesar de toda a preocupação, é importante respeitar a vontade. No caso dos filhos que desencarnam antes dos pais fica em parte a sensação de impotência e a certeza de que nossos filhos não são nossos, são cidadãos cósmicos do Universo como diz o espírito Anne Frank.
Muitos pais órfãos nos relatam que pareceu que o mundo acabou quando "perderam" seus filhos, no entanto alguns aproveitam a dor para transformá-la em amor e voltam-se para auxiliar em ONG'S, instituições religiosas, enfim alguns aprendem a ser menos egoístas. Meu pai passou pela experiência de ver minha irmã desencarnar no ápice de seus 29 anos e por isso sei bem como a coisa acontece.
Inegavelmente, a morte tão temida é sempre a amiga inseparável  que nos ensina que voltar para casa do Pai não é castigo, em verdade é nova oportunidade de nos prepararmos para novas incursões na carne para progredirmos e cada vez mais honrarmos nossa filiação divina. Devemos nos preparar para o retorno, pois em diversas situações ele há de acontecer e nesse momento é que comprovaremos nossa fé inabalável.

Jefferson Leite

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