Mais que se possa imaginar, um simples desentendimento pode acarretar efeitos que se arrastam por longos períodos da vida imortal. Uma inimizade com um vizinho, se não trabalhada com os efeitos terapêuticos do perdão poderá se avolumar de tal forma que se instale uma rixa familiar; um conflito no setor de trabalho se não for resolvido terá chances de transmutar-se em ódio; as rivalidades afetivas carecem de esquecimento para que não se compliquem em verdadeiros duelos íntimos. Na vida com relação às mágoas podemos aplicar o velho dito: " É melhor prevenir que remediar". Perguntado sobre como perdoava as pessoas, Gandhi nos deu um ensinamento louvável afirmando que só temos necessidade de perdoar quando nos sentimos ofendidos, então prevenção sempre lutando para não se ofender com o que os outros falam, fazem , ou deixam de falar e fazer.
A busca por essa condição emocional, moral e espiritual nos parece muito difícil e mais ainda distante, entretanto temos grande número de avatares de quando em quando descem à Terra com a finalidade de tornar a vida mais fácil e verdadeiramente em muitas situações nos mostraram que é possível viver sem se ofender com essa ou aquela pessoa. Esses homens e mulheres em forma de "anjos humanos" fazem de suas existências verdadeiras estradas pelas quais o amor sabe passear, renunciando a si mesmos como lecionou Jesus.
A questão de não se ofender é geralmente complexa, pois requer de nossa parte uma preparação interior rigorosa, um verdadeiro esforço para que nos mantenhamos em estado de vigilância continuada. Em muitos casos uma piadinha de mau gosto pode "tirar a pessoa do sério" e permitir que se jogue fora muito tempo de reflexão interior. O hábito de estar "armado" contra tudo e todos pode dificultar ainda mais nossa capacidade de não se irritar ou aborrecer.
Quando uma pessoa que por nós passe na rua sem nos dar atenção, apesar de nos conhecer, por desatenção ou outro motivo não nos cumprimente, pode ser o suficiente para gerar a tão temida mágoa. Apesar de parecer simples e resolvível, a mágoa se carrega e encarrega de pesos invisíveis no primeiro instante. Quando Jesus demonstrou no livro de Mateus 5:25-26 :"Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil." Quando o Senhor nos advertiu da prisão referia-se ao cárcere do espírito que em verdade constitui o corpo que utilizamos, já que somos mesmo um ser inteligente brotado da luz, um espírito, bem como das correntes mentais que amarram a evolução nossa de cada dia.
Em verdade, quando permitimos que a mágoa adentre nossas vidas, estamos trazendo males mentais que se arrastam no psiquismo de nós mesmos e tendem com o passar do tempo trazer a somatização dessas mazelas. Daí vemos que pessoas que mais odeiam, também são as que mais adoecem, são as que mais são infelizes e por conseguinte são as que mais reclamam da vida. Os sentimentos tóxicos vão se alastrando pelo corpo perispiritual e geralmente não só complicam uma encarnação, mas se arrastam por onde vá a criatura até que ela se reconcilie com o adversário do passado e quite todas as suas dívidas para alçar vôos mais altos na direção da perfeição e se veja liberta "da prisão" não somente do corpo, mas também das amarras psicológicas que a mágoa acarreta.
Enquanto é hoje, mesmo que AINDA não sejamos luminares, busquemos nos esforçar para "fazermos de cegos" perante algumas atitudes que nossos irmãos tenham conosco, sem que para tanto sejamos falsos ou hipócritas, mas verdadeiramente tentando não se importar com quimeras. Busquemos além de nossas forças, ver em cada companheiro de estrada uma manifestação de Deus independendo de quem seja, de onde vai ou para onde vem. A culpa é geralmente herdeira da mágoa que um dia permitimos entrar em nossos caminhos, mas que hoje temos a oportunidade de convidá-la a ceder espaço aos sentimentos nobres que nos levarão para a REGENERAÇÃO.
Jefferson Leite
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