terça-feira, junho 04, 2013

Soneto




Sou, o lavrador que fez, rude e bisonho,
A sementeira luminosa e rara
Do trigo louro e rútilo do sonho...
–Sonho lindo que a nada se compara.
Não reparou o labor triste e enfadonho,
Regou, chorando, a terra que lavrara;
E de alma ingênua e coração risonho,
Esperou confiante o sol da seara.
Passados os trabalhos e os tormentos,
Quando aguardava a messe, jubiloso,
Numa grande esperança insatisfeita,
Eis que aparecem os arrasamentos,
E o pobre, desgraçado e desditoso,
Perdeu tudo no instante da colheita. 






Hermes Fontes
SERGIPANO, nasceu na Vila de Boquim, em 1888, e suici-dou - se no Rio de Janeiro aos 26 de dezembro de 1930. Poeta de 
grande relevo emocional, deixou firmada sua personalidade liter á-ria, tendo publicado Apoteoses, Gênese, Lâmpada Velada e Fonte 
da Mata, seu último livro.





Livro Parnaso de Além-Túmulo, Obra Francisco Cândido Xavier

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