sexta-feira, junho 07, 2013

A esmola da viúva



Enquanto a mãe fazia sua tarefa doméstica, o menino, que estava aprendendo a ler, curioso, pegou um livro e foi virando as páginas. De repente, ele parou em uma folha e perguntou:
— Mamãe, o que é óbolo?
A senhora deixou o que estava fazendo e explicou:
— Óbolo, Joel, é uma oferta, uma esmola, uma dádiva de valor pequeno. Entendeu?
 
— Ah! Entendi. E viúva?
— Viúva é uma mulher que perdeu o marido e não se casou de novo. Você está lendo a lição que se chama “O Óbolo da Viúva”, não é?
— Você conhece, mãe? Então sabe também o que é ga... zo... fi... lá... cio. Nossa! Que palavra difícil.
— Gazofilácio era uma espécie de caixa que havia no Templo de Jerusalém, onde se colocavam as esmolas — a mãe respondeu, achando graça.
— Mamãe, você é muito sabida! — exclamou o menino, admirado. 
Então, a mãe sentou-se perto do filho e foi ajudando-o a ler e entender o texto evangélico, que fala sobre o dia que Jesus foi ao Templo e, sentado perto da caixa das esmolas, observava como as pessoas colocavam sua oferenda dentro dela. Os que eram ricos davam muito dinheiro, mas uma pobre viúva deu apenas duas pequenas moedas. E Jesus, chamando a atenção dos discípulos, disse que, na verdade, mais tinha dado aquela viúva do que todos os outros, porque eles tinham dado do muito que tinham, mas a viúva tinha dado tudo o que tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento.
Quando a mãe acabou de explicar ao filho, ele mostrou que tinha entendido:
 
— Mamãe, Jesus diz que a gente deve fazer o bem e amar a todas as pessoas, não é? Então, Jesus deve ter ficado muito contente com a viúva pobre.
— Sim, meu filho. E Jesus deixa claro que, para Deus, o que realmente vale é o sentimento com que fazemos uma boa ação. Assim, para Deus, têm mais valor as duas pequenas moedas da viúva, do que todo o dinheiro que os ricos deram para serem vistos e admirados pelo povo.
 
O menino ficou pensativo por alguns instantes, depois voltou a perguntar:
— Mamãe, e eu? Também quero ajudar os outros, mas não tenho nem duas moedinhas!
A mãe ficou emocionada com a preocupação do filho.
— Joel, para Jesus, como você viu, é mais importante o motivo pelo qual fazemos algo. Assim, não se preocupe por nada possuir de material. Você tem algo muito mais importante a dar às pessoas: o amor do seu coraçãozinho. Então, pense com o coração, e quando achar que deve ajudar alguém, ajude. Pode ser alguém na escola, na rua, um animalzinho perdido... Entendeu? 
Animado, Joel arregalou os olhos e balançou a cabeça, mostrando que tinha entendido. Na hora de dormir, deitou pensando no assunto e pediu a Jesus que o ensinasse a ajudar, a ser útil às pessoas.
No dia seguinte, Joel acordou, arrumou-se e, ao entrar na cozinha, viu a mãe toda atarefada. Ela havia perdido a hora e corria preparando o café da família, pois tinha hora marcada com um médico.
— Não se preocupe, mamãe. Eu coloco a mesa, depois faço o lanche e o suco para a Ritinha. Ah! E também posso levá-la para a escola — tranquilizou-a o menino.
A mãe agradeceu e correu para arrumar a pequena Rita, que acabava de acordar. 
Joel fez tudo direitinho e depois foi tomar seu café da manhã. A irmãzinha sentou-se, ele preparou-lhe o leite e o pão, que ela comeu. Em seguida, ele pegou as lancheiras e ambos se despediram da mãe, indo para a escola.
Na aula, um colega teve dificuldade para entender a matéria e Joel, sentando-se mais perto dele, ajudou-o.
No recreio, sentou-se para comer o lanche e viu uma garotinha chorando. Aproximou-se para saber o que estava acontecendo; ela respondeu, enxugando as lágrimas:
— Minha mãe está doente e ouvi papai dizer que ela vai ser operada. Estou com medo!
— Não chore. Confie que Jesus vai ajudar sua mãe e ela logo ficará boa. Agora, coma seu lanche antes que acabe o recreio — disse Joel, abraçando a pequena e consolando-a.
— Não trouxe lanche hoje. Esqueci — respondeu a menina.
— Ótimo. Então, vou poder repartir meu lanche com você. Não estou com fome mesmo — disse Joel, contente.
Ele partiu o sanduíche em dois e despejou metade do suco no copinho, que entregou à garota, ficando com o que restara na garrafa. Depois de comerem o lanche, a menina olhou para ele, agradecida:
— Obrigada. Seu lanche estava muito bom, mas nem sei seu nome! O meu é Dora.
 Joel disse o nome dele, mas não deu para continuar conversando, pois tocou o sinal. Terminara o recreio e eles tinham que voltar para a sala, mas estavam felizes.
Na rua, Joel ainda encontrou um passarinho que caíra do ninho e viu uma passarinha que deveria ser a mãe, pois estava inquieta. Sem pensar duas vezes, ele deixou a mochila, subiu na árvore e recolocou-o no lugar, junto da mãezinha, que batia as asas, agradecida. 
 
Na hora do almoço, o pai perguntou ao filho como fora sua manhã. Joel disse animado:
— Foi ótima, papai. Hoje eu dei o óbolo da viúva.
— O quê?!... — indagou o pai, sem entender.
 
Trocando um olhar de cumplicidade com a mãe, ele sorriu.
— A mamãe entendeu o que eu disse! Depois eu explico melhor. Hoje vou fazer a oração.
E, diante dos pais, admirados, Joel disse:
— Querido Jesus eu Te agradeço por esta manhã tão importante e pelas oportunidades que tive de exercitar a tua lição. Obrigado! 

                                                                  MEIMEI 

( Célia X. de Camargo, Revista semanal O Consolador)    

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