Carla, de oito anos, tinha grande dificuldade em cumprir suas obrigações, especialmente aquelas que eram mais importantes, como fazer os deveres da escola, ir às aulas, ler um livro ou participar do Evangelho no Lar, que a família fazia todas as quartas-feiras, às 7 horas da noite.
Quando a mãe mandava-a fazer os deveres e estudar, ela reclamava:
— É só o que você me diz, mamãe! Carla, vá estudar! Faça os deveres da escola! Arrume seu quarto! Guarde sua roupa! Guarde seus brinquedos! Arre! Estou cansada de ouvir essas coisas! É só o que faço o tempo todo!...
E punha-se a chorar, fazendo drama. A mãe ouvia-a com paciência e respondia séria:
— Minha filha, se você cumprisse suas obrigações, eu não precisaria cobrar. Faço isso por você, pela sua educação. A propósito! Já experimentou perguntar aos seus coleguinhas da escola como as mães deles fazem para que cumpram seus deveres? Será que eles não têm problemas iguais aos seus?
— Não. Acho que eles não têm esses problemas em casa.
— Na verdade, você não sabe. Pois então, pergunte. Garanto-lhe que você vai se surpreender!
Vendo que a filha estava bastante chateada, a mãe explicou-lhe com carinho:
— Carla, todos nós na vida estamos fazendo escolhas o tempo todo, sempre. E dessas escolhas depende o nosso futuro: que ele seja melhor ou pior. Pense bem!
A menina ficou com aquelas palavras na cabeça.
À noite, era dia do Evangelho no Lar, quando se reuniam em família para conversar sobre as lições de Jesus. O texto que caiu, aberto o Novo Testamento ao acaso, era a passagem em que Jesus, caminhando com seus apóstolos, entrou em uma aldeia, Betânia, e hospedou-se na casa de Lázaro, que tinha duas irmãs, Marta e Maria.
O pai, que lera o texto, perguntou à filha se tinha entendido.
— Não entendi, papai. Acho que Marta tinha razão ao pedir a Jesus que ordenasse a Maria que fosse ajudá-la! Afinal, alguém tinha que preparar a comida, não é?
— Tem razão, querida. Contudo, Jesus quis ensinar que existem coisas que são mais importantes que outras. A presença do Senhor naquela casa era de grande valor. E tudo o que Ele ensinava era para ser muito bem guardado, pois haveria um tempo em que Ele não estaria mais na Terra. Eram conhecimentos que ficariam para a posteridade, isto é, para as sociedades do futuro. Quanto às tarefas domésticas, como arrumar a casa e preparar os alimentos, são coisas banais que todos os dias estariam ali, precisando ser feitas novamente.
A menina pensou.... pensou.... pensou... e concluiu:
— Então, é como meus deveres de casa e os da escola?
A mãe sorriu a essa lembrança da menina, explicando:
— Sei aonde você quer chegar, filha. Sim, os deveres da escola são mais importantes porque têm a ver com seu aprendizado para o futuro: é o que você aprende e não esquece mais. É conquista do espírito.
— Quer dizer que os deveres domésticos têm menos valor que os do espírito?
— Exatamente. Então, o importante é cumprir os deveres do aprendizado escolar. Quanto aos outros, a gente faz se tiver tempo. Entendeu?
— Entendi, mamãe. E as brincadeiras, os passeios, etc.?
Carla aprendera a lição. Desse dia em diante, ela jamais deixou de cumprir seus deveres. Ela compreendeu que, aproveitando bem o tempo, faria os deveres escolares e domésticos, ainda sobrando espaço para brincadeiras e passeios, e que Jesus ficaria contente com ela, por estar fazendo as escolhas certas.
Meimei
(Célia X. de Camargo, em 16/08/2010.) Revista O Consolador |
domingo, abril 14, 2013
Escolhas
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