Andando pela mata, um pequeno Tatu reclamava da vida, considerando-se um ser muito infeliz.
Enquanto os pássaros voavam pelos ares, viajando longas distâncias e conhecendo terras diferentes, ele era obrigado a nunca se afastar do solo.
Ao ver os animais ágeis que corriam pela mata, como os veados, por exemplo, ele suspirava desalentado. Suas pernas eram pequenas e mal podiam caminhar alguns metros!
— Senhor Tatu, não sabe o que está dizendo! Preferia estar na sua situação. Nós, os pássaros, somos muito frágeis e qualquer ave maior, como a Águia ou o Falcão, facilmente nos caça. No seu caso, o senhor se esconde em sua toca e eles não podem alcançá-lo. Além disso, tem a carapaça que o protege!
Porém o Tatu, inconformado com sua situação, não aceitava opinião diferente e afastou-se desiludido, resmungando:
— Você diz isso porque não sabe como me sinto.
Algum tempo depois, o céu cobriu-se de escuras e pesadas nuvens. Uma grande tempestade se avizinhava. Cada ser vivo da mata correu para sua casa, assustado, permanecendo escondido, aguardando.
As nuvens, arrastadas por rajadas de vento forte, chegaram rápidas e a tempestade caiu com violência sobre a região. Em seus refúgios, os animais tremiam de medo.
Quando tudo passou e o Sol voltou a brilhar no céu, tirando o focinho da toca, o Tatu saiu curioso para ver o que tinha acontecido. Assustou-se ao ver os estragos que a tempestade fizera. Muitas árvores tinham sido derrubadas, pedras e sujeiras se espalhavam por todos os lugares.
Aliviado por ter escapado com vida, o Tatu procurou seus amigos e não os encontrou. Ficou sabendo que o lago transbordara e o Lagarto fora arrastado pelas águas; as aves tiveram seus ninhos arrancados e muitas morreram.
Diante de tudo isso, o Tatu agradeceu a Deus pela toca que lhe dera. Como ficara dentro da terra escondido e tinha reservas de comida, não passara necessidade e continuava vivo, assim como sua família.
Logo os pássaros foram chegando, voltaram a fazer seus ninhos, a cantar e a voar pelo espaço; o Lagarto retornou para seu lago e o Tatu nunca mais reclamou das condições de vida que Deus lhe dera, certo de que Ele sabia o que era melhor para cada filho seu.
MEIMEI
(Recebida por Célia Xavier de Camargo em Rolândia-PR, em 21/01/2013.)
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terça-feira, fevereiro 12, 2013
O Tatu descontente
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