quarta-feira, abril 15, 2015

Nossa relação com o dinheiro



A questão de apego aos bens materiais é mais complexa do que possamos imaginar. Envolve uma série de agravantes na vida diária. Em via de regra, quanto mais se tem, mais se deseja ou se "precisa" ter é aquela sensação de que ainda só se tem o necessário. Os imortais já nos advertiram que o supérfluo e o necessário são relativos ao estado da criatura humana. Convém recorremos a uma análise séria na maioria das vezes para intensificarmos em nós essa linha tênue e perigosa, pois em verdade para uns o necessário é apenas o suficiente para sua vida sobre a face da Terra, para outros porém é ter mansões, carros importados os mais caros possíveis etc e tal.
Nossa relação com as posses são um capítulo e tanto para nosso crescimento espiritual, pois de forma inequívoca ninguém vive sem dinheiro neste plano que nos encontramos. Para que usamos o dinheiro? Para usufruirmos de seus benefícios ou para nos tornarmos presos e ele? 

Partindo de uma premissa até mesmo social o caráter principal da riqueza, dos recursos deve ser justamente gerar riquezas. Dinheiro concentrado é sinal de atraso moral, pois toda riqueza vem carregada de uma responsabilidade sócio espiritual de ajudar a quem precisa, de ser abnegado com quem atravessa provas difíceis no campo financeiro seja num momento de enfermidade, quer seja numa hora de demora dos compromissos financeiros assumidos. 
Minha opinião pessoal é que ninguém deseja "andar" errado, portanto evocamos o Pai Nosso: (...) "Perdoai as nossas dívidas, assim como temos perdoado aos nossos devedores." (...). É muito profundo o que nos ensinou o Divino Amigo. Nossa relação com o devedor, com o inadimplente financeiro deve ser a de colocarmos nos em seu lugar e nunca de julgamento. Ouvi outro dia um líder religioso afirmando que o cristão não deve contrair empréstimo, não deve utilizar meios de crédito, não deve fazer dívidas. Utopias a parte, entendo que precisamos todos nos esforçar para cumprirmos nosso papel dignamente na sociedade, todavia é inegável que momentos os mais complexos surgem carregados de imprevistos . É muito fácil para um líder religioso que anda de jato pago pelos fiéis de sua Igreja afirmar tal coisa, mas preocupa me mesmo é o estado emocional do seguidor endividado que recebe essa mensagem de seu líder espiritual e automaticamente se sente "sujo" espiritualmente por não ter conseguido honrar com os compromissos assumidos.


Nossa visão de necessário muitas vezes nos impede de estender a mão, alegando que irá nos fazer falta. Popularmente ouço no imo de minha alma enquanto escrevo: " Ninguém é tão rico que de nada precise, ou tão pobre que nada possa doar". Todos nós temos a possibilidade de em nossas limitações sermos úteis para ajudar a quem tem menos que cada um de nós. As mãos invisíveis do Alto alcançam sempre a quem precisa, todavia as criaturas encarnadas são o veículo de doação imediata a quem sofre. A avareza é silenciosa e disfarçada de precaução; O egoísmo argumenta previdência sempre; 
A vida é uma roda de movimentos perfeitos e principalmente no que  tange as muitas encarnações do mesmo espírito que ontem alegou impossibilidade de atender a um chamado de quem precisa por só ter o "necessário" e hoje nem mesmo possui o necessário realmente. Cuidemos para que sejamos mais humanos para com as necessidades humanas, pois o pior miserável é aquele que não aprendeu a função social das riquezas, pois a tendo ignora repartir o pão com quem por um momento atravessa um período de dificuldade extrema.

Jefferson Leite

Nenhum comentário:

Postar um comentário