Com um número cada vez mais crescente, as dissoluções de casamentos costumam em boa parte serem muito traumáticas para ambos os lados. A vida afetiva ainda consiste num dos grandes desafios da pessoa humana, uma vez que a não aceitação do término por esse ou aquele, costuma despertar sentimentos até então nunca revelados por quem se conviveu durante determinado tempo. Como dizem os mais pessimistas: " no início tudo são flores", no entanto com as complicações de todos os matizes, a vida conjugal em muitos casos não suporta as pressões do dia a dia e sem que se dê conta ela tende a perder espaço para outras atividades e ou preocupações.
Esses desgastes podem ser mais ou menos intensos dependendo da evolução e maturidade que ambos conquistem, chegando mesmo em alguns raros casos a um acordo amigável de separação. Quando falamos amigável não nos referirmos a um termo jurídico que se obedeça parâmetros meramente convencionais, falamos mesmo no sentido de manter as relações de amizade, não "para inglês ver". O grande ponto se dá quando se possui filhos, pois eles também são "divididos" na extinção do relacionamento.
Costumeiramente ouvimos "existem ex esposas, ex esposos, mas nunca ex filhos". Em suma ou em resumo nem sempre essa verdade é absoluta ou real.
Pudemos observar muitos casos em que pais se separam e acabam transferindo suas frustrações e mágoas para o relacionamento com os filhos, deixando-os de lado sob o pretexto de "não querer mais contato com aquela gente" ou coisa assim...
Do ponto de vista meramente material bastaria ao provedor oferecer os alimentos sob forma de pensão arbitrada por um julgador apto e regular as visitações. Mas e do ponto de vista emocional? E do ponto de vista espiritual? Recebemos e somos recebidos no seio familiar por necessidades variadas no que se refere a nosso crescimento e superação de animosidades que se perderam noutros tempos. Em muitos casos o lar é o instrumento para que algozes se reaproximem e reiniciem nova caminhada na crosta terrestre, afim de acertarem as diferenças.
O instituto da guarda compartilhada veio basear-se numa relação onde os pais dividam igualmente responsabilidades no que se refere a educação e formação de caráter dos rebentos, contudo quando o clima é de verdadeira ebulição por parte dos ex, torna-se difícil acordo salutar e a criança fica " na berlinda" ora sendo posta contra um ou contra o outro. Aparecem ainda contextualizadas na separação as seduções para com os filhos disputando quem dá o brinquedo mais caro, a roupa da moda, leva a lugares mais interessantes... A ideia de "comprar" a criança para promover vingança no ex cônjuge é também muito presente, assim como a alienação parental.
Numa sociedade que conviva diariamente com dramas como os términos de relacionamentos, devemos fugir aos tentames do egoísmo, buscando oferecer às crianças a menor incidência possível de traumas perante a separação de seus genitores. Muitos se utilizam das crianças como "informantes" para saber da vida dos ex, com quem anda, onde vai, se está namorando etc. Na realidade, desligar-se por inteiro de uma relação afetiva não é tarefa fácil, daí muitos se utilizam das redes sociais para expectar o que anda acontecendo com o "falecido ou a falecida"...
Devemos lutar por compreender que "nossos filhos são espíritos" e assim o sendo, trazem na bagagem experiências anteriores que merecem toda nossa atenção no que se refere às sua tendências. A revolta pode reacender instintos que se achavam adormecidos sob o véu da reencarnação, despertando aptidões para os vícios e tudo de forma tão sutil que se tenha dificuldade para perceber. No entanto, ulteriormente haveremos de prestar contas de tudo o que fizemos por eles, bem como e principalmente pelo deixamos de fazer.
Enquanto nos for possível lutar pela manutenção das bases familiares será de grande valia, mas se acaso a separação de corpos for a saída mais respeitosa e menos traumática, devemos ter em mente que os filhos são responsabilidade de ambos e que não podem receber descargas de repetidas falhas no tocante ao papel que a providência nos confia. Pais são usufrutuários do compromisso de educar, de esclarecer e cuidar para que aqueles que nos chegam sejam no limite de nossas forças amados para que cumpram seu papel evolutivo, mesmo que se enquadrem nessa geração de filhos do divórcio. Sendo a colheita obrigatória, o compromisso assumido de ser cuidador de uma criança deve ser levado com seriedade e respeito para que construamos o mais breve esse mundo regenerado, pois elas, as crianças são mesmo o futuro destes tempos novos que se avizinham. Particularmente me lembro de uma frase do cancioneiro popular: "Eu tenho visto tanta gente por ai que sem pensar, deixa um filho sem um lar e na delinquência vai entrando pouco a pouco, por culpa de quem não pensou um pouco".
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