sexta-feira, agosto 02, 2013

Alzheimer e o Espiritismo: algumas considerações

Eugênia Pickina

A doença de Alzheimer, descrita clinicamente como uma demência degenerativa primária, cujo principal sintoma é a perda progressiva das funções mentais, afeta em todo o mundo milhões de pessoas; e a Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê que o número de casos de demência entre os idosos irá mais que dobrar até 2050.
No Brasil, a estimativa é de que a doença atinja hoje 1,2 milhão de pessoas com mais de 65 anos. E o número de casos vai mais que dobrar até 2030, de acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAZ).
Entre as doenças que provocam demência na população idosa, os especialistas esclarecem que o Alzheimer é a mais comum, e segundo a presidente da ABRAZ, Fernanda Paulino, “a doença não tem cura, mas o tratamento nas fases iniciais da doença pode postergar em um ano os sintomas e complicações”.   
Histórico e conceito - A doença de Alzheimer foi descrita pelo psiquiatra neuropatologista Alois Alzheimer em 1906. Ao fazer uma autópsia, o médico alemão descobriu no cérebro morto lesões que ninguém nunca tinha visto antes: tratava-se de um problema de dentro dos neurônios (as células cerebrais), os quais apareciam atrofiados em vários lugares do cérebro, e cheios de placas estranhas e fibras retorcidas, enroscadas umas nas outras.
A doença de Alzheimer, também conhecida como demência, erroneamente chamada pela população como “esclerose” ou caduquice, é uma enfermidade degenerativa do cérebro, cujas células se deterioram (neurônios) de forma lenta e progressiva, provocando uma atrofia do cérebro. Em consequência, a memória e o funcionamento mental são afetados, e outros problemas tomam curso como confusão, mudanças de humor e desorientação no tempo e no espaço.
Embora a doença de Alzheimer não seja contagiosa nem infecciosa, ela faz diminuir a capacidade de a pessoa se cuidar (das suas necessidades cotidianas), de gerir sua vida emocional, profissional etc. e, por isso, torna-a dependente da ajuda alheia para realizar até mesmo as tarefas básicas como higiene pessoal e alimentação. 
Causas - A causa da doença de Alzheimer ainda não é conhecida pela medicina ortodoxa. Há diversas teorias, mas de concreto até agora se aceita que seja uma doença geneticamente determinada, não necessariamente hereditária (transmissão entre familiares).  
Sintomas - É possível dividir a doença em três fases: inicial, intermediária e terminal. 
Fase inicial. A doença começa, geralmente, entre os 40 e 90 anos. No começo são os pequenos esquecimentos, usualmente aceitos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, mas que vão se agravando de forma gradual. Ciente destes esquecimentos, o indivíduo pode se tornar confuso, agressivo e mesmo vivenciando distúrbios de conduta, ansiedade e depressão.
Verifica-se a perda da memória recente, dificuldade para aprender e reter novas informações, distúrbios de linguagem, dificuldade progressiva para as tarefas da vida diária, falta de cuidado com a aparência pessoal, irritabilidade, desorientação. Nesta fase, entretanto, os pacientes ainda permanecem alertas e apresentam boa qualidade de vida social. 
Fase intermediária. O paciente se torna incapaz de aprender e reter novas informações, passando a depender cada vez mais de terceiros. Têm início as dificuldades de locomoção, a comunicação se inviabiliza e passa a exigir cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades rotineiras como alimentação, higiene, vestuário etc. Inicia-se também a perda do controle da bexiga (incontinência). 
Fase final. O paciente fica incapaz de andar (restrito ao leito), não fala mais e vivencia a perda do controle da bexiga e do intestino; há dificuldades para engolir alimentos, evoluindo para uso de sonda enteral ou do estômago. Com isso, cresce o risco de pneumonia, desnutrição e úlceras por ficar deitado.
Na maioria das vezes, contudo, a causa da morte relaciona-se a fatores ligados à idade avançada e não necessariamente à enfermidade propriamente dita.
Em outras palavras, por ser o mal de Alzheimer uma doença terminal que causa uma deterioração geral da saúde, a causa mais frequente é a pneumonia, porque à medida que a doença progride o sistema imunológico deteriora-se, e surge perda de peso, que aumenta o risco de infecções da garganta e dos pulmões. 
Diagnóstico - Não existe um teste específico que confirme de maneira inquestionável a doença. O diagnóstico certo da doença de Alzheimer apenas pode ser feito por exame do tecido cerebral obtido por biópsia ou necropsia. Deste modo, o diagnóstico provável (e não invasivo) é feito excluindo outras causas de demência pela história (depressão, perda de memória associada à idade), exames de sangue (hipotireoidismo, deficiência de vitamina b), tomografia ou ressonância (múltiplos infartos, hidrocefalia) e outros exames. 
Há alguns marcadores, geralmente identificados a partir de exame de sangue, como a apolipoproteína E (APOE), cujos resultados podem mostrar chance aumentada de doença de Alzheimer e são valiosos em pesquisa, contudo não são úteis para diagnóstico individual. É óbvio que isso não impede que marcadores mais sensíveis venham a surgir no futuro. 
Tratamento - A chamada “medicina ortodoxa” (convencional) considera não haver tratamento curativo para a doença de Alzheimer, isto é, a terapia busca o controle dos sintomas, sendo que as medicações mais empregadas têm sido os anticolinesterásicos, ao menos por enquanto.
Além disso, sem desobedecer ao itinerário proposto pela medicina ortodoxa, o paciente pode buscar apoio na medicina energética (homeopatia e/ou terapia floral) e que pode ser administrada como instrumento de prevenção de agravo; sem esquecer a atuação desta medicina (aqui especialmente a terapia floral) no alívio do sofrimento do cuidador da pessoa com a doença de Alzheimer.  
Alzheimer e Espiritismo - Estudos desenvolvidos pela Associação Médico-Espírita do Brasil orientam hipóteses de causas espirituais para a ocorrência da doença de Alzheimer, tais como a rigidez de caráter, a culpa, processos obsessivos graves, a depressão e os sentimentos enfermiços – ódio e mágoa – especialmente quando mantidos a médio e longo prazos.  
Medidas preventivas - As medidas preventivas mais recomendadas são o cuidado com a saúde física e emocional, o trabalho intelectual, inclusive com a sugestão de práticas como quebra-cabeças, palavras-cruzadas, atividades artísticas, aprendizado de idiomas, entre outras, e, especialmente, o interesse por uma vida psicológica, nutrida por valores e objetivos elevados – em nítida oposição a um existir autocentrado. 
Ainda, enquanto a necessidade de trabalho intelectual exige a atenção com tarefas cognitivas e mnemônicas, os processos obsessivos, os quadros depressivos e a rigidez de caráter (intolerância, impaciência etc.), entre outras, por sua vez reclamam a necessidade de assumir o indivíduo a proposta de autoiluminação – desta maneira, e para nós espíritas, isso implica o estudo doutrinário (e as leituras edificantes), a frequência, se possível semanal, à casa espírita para tratamento com passes e água fluidificada e o exercício da caridade, que, ao lado da prece, fortalece a nossa imunidade espiritual.
Por fim, as graves dificuldades emocionais servem bem à práxis da psicoterapia. Esta última promove o autoexame e, de forma lúcida, ajuda na superação das dores da alma, no domínio esclarecido dos “inimigos” internos. 
Apontamentos finais - Sem dúvida o aumento do número de casos de doença de Alzheimer na atualidade é um alerta a todos nós, principalmente se nutrimos uma vida pouco fecunda para nosso propósito evolutivo, isto é, quando não prestamos atenção aos objetivos reais de nosso programa reencarnatório.
Não podemos ignorar que a doença de Alzheimer, acima de tudo, é uma enfermidade que tem ressonância com uma solidão sombria e negativa, porquanto o portador dessa enfermidade passa a viver insulado em si mesmo. E isso porque esse mal – o mal de Alzheimer – infelizmente “aniquila a vivência do tempo para o corpo, porque este não obedece ao comando do Espírito” (Iso Jorge Teixeira).
De outro lado, é importante destacar que em entrevista concedida à Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal, em 2009, quando perguntaram a Divaldo Franco o que é que os Espíritos lhe diziam sobre a cura do câncer, da AIDS e do Alzheimer, o eminente orador respondeu: “informam-me que, por enquanto, essas doenças são uma necessidade para o nosso processo de autoiluminação”.
Assim, sem esquecer a condição de nosso tempo de transição, deveremos nós, os espíritas, olhar o futuro com esperança e, assim, trabalharmos para que a saúde seja também um dos claros sinais do amor na edificação de um destino humano belo e feliz. 

Referências
Doenças genéticas: Alzheimer. LEITE, Leonardo. Disponível em www.ghente.org/ciencia/genetica/alzheimer.htm.
Associação Brasileira de Alzheimer – www.abraz.org.br.
Associação Médica Espírita de São Paulo (AME) – www.amesaopaulo.org.br

Nota da autora: 

O filme canadense “Longe dela” (Away from her, 2006) trata de maneira sensível o problema de um casal que passa a viver o drama do Alzheimer em sua velhice.

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