quinta-feira, julho 17, 2014

Troca de favores



Certa vez, uma pequena lagarta estava procurando o que comer, quando viu linda e apetitosa folha ali perto. Arrastou-se até lá, com dificuldade, e estava começando a devorá-la, quando viu um pássaro que procurava comida ali perto.
Assustada, a lagarta encolheu-se, esperando que ele não a visse, pois ele era chamado de papa-lagartas. Mas, muito esperto, o pássaro já vira a bela lagarta que se arrastava pela
folha. 
Ele voou para perto dela e piou:
— Sinto muito, Dona Lagarta, mas preciso levá-la para meu ninho, onde os filhotes esperam pelo alimento.
A lagarta encolheu-se toda de medo e respondeu:
— Também estou cortando folhas para levar ao meu abrigo, onde meus filhotes aguardam com fome. Tenha piedade de mim, Senhor Pássaro!
— Mas eu não posso, Dona Lagarta. E meus filhos, o que vão comer?
Ao que a lagarta respondeu:
— Está bem. Vamos fazer um acordo? Então, assim que eu levar a comida para minhas lagartinhas estarei à sua disposição.
 
O pássaro aceitou o combinado e esperou a lagarta acabar de cortar a folha. Depois, a lagarta se arrastou até o local onde deixara os filhotes levando a folha, e o pássaro a acompanhou.
Ao ver os filhotes da lagarta, os olhinhos do pássaro brilharam. Ele ficou encantado com a provisão de alimento que poderia levar
para seus filhos. As lagartinhas eram bem verdinhas e apetitosas, e pensou: Meus filhotes vão adorar!
Nesse momento, descuidando-se, o pássaro não viu um grande jacaré que, saindo da água, se arrastava pelo mato ribeirinho. Chegando perto do pássaro, se preparava para abocanhá-lo, quando a lagarta viu e, penalizada, avisou:
 
— Senhor Pássaro, cuidado com o jacaré!
Ouvindo o alerta, rapidamente ele abriu as asas e alçou voo, escapando dos dentes do jacaré. Depois, voltou e agradeceu à lagarta:
— Se não fosse a senhora me avisar a tempo, Dona Lagarta, eu teria morrido na boca enorme do jacaré. Por que me avisou?
A lagarta olhou para seus filhotes e respondeu:
— Porque me lembrei dos seus filhotes que ficariam sem o pai, e senti pena. Porque, se fosse eu que estivesse no seu lugar, não gostaria que meus filhotes ficassem sozinhos.
O pássaro ouviu, pensou um pouco e resolveu:
— Dona Lagarta, muito obrigado. Eu vou-me embora; preciso arranjar comida para meus filhotes.
A lagarta se arrastou um pouco e indagou:
— Senhor Pássaro, desistiu de usar-me como alimento?
O pássaro, preparando-se para bater as asas, respondeu:
— É que fiquei com pena dos seus filhotes, Dona Lagarta, que ficariam sem a mãe. Adeus!
Assim, batendo as asas, o pássaro levantou voo em busca de alimentação para seus filhotes. Perdera suas presas, porém estava satisfeito. Poderia ter caído nas garras do jacaré e nunca mais veria seus filhotes.
Tanto o pássaro quanto a lagarta entenderam que vale a pena retribuir o bem que nos fazem, pois geramos amizades que podem ser valiosas, mesmo que a princípio não possamos acreditar nisso.      
MEIMEI
 
(Recebida por Célia X. de Camargo, em 16/06/2014.) 


                                                

                                                   

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